Oficina Uni Mulheres Brasil discute desafios para igualdade de gênero no trabalho, política e sociedade

12ª Oficina de Formação da entidade reuniu mulheres e homens do movimento sindical de várias categorias para troca de ideias e fortalecimento da luta pelo fim da misoginia

Imagem ilustrativa

Foram dois dias de encontros, entre 5 e 6 de novembro, na cidade de Praia Grande, em São Paulo. A 13ª Oficina de Formação da Rede UNI Mulheres Brasil, criada para ampliar os debates e ações por igualdade de gênero, contou com painéis sobre saúde mental da mulher, apresentado pela doutora Cathana Oliveira, e sobre como ampliar a participação delas nos espaços de poder e decisão, apresentado pela secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-SP, Márcia Viana, além de trocas de experiências entre os participantes e uma prova surpresa sobre os conteúdos discutidos, no último dia. 

"Estamos no segundo ano de um governo que assume o Planalto e volta a investir na luta pelos direitos da mulher, após um período, que foi de meados de 2016 até o final de 2022, de intenso desmonte de políticas públicas e que atingiram as mulheres e todos os avanços para igualdade e combate à violência de gênero, em que também houve o aprofundamento de pensamentos extremistas e patriarcais e que até hoje se refletem nos altos índices de feminicídio e ataques ao pensamento feminista, até mesmo em espaços fundamentais à democracia, como o Congresso Nacional e as assembleias legislativas dos estados e câmaras municipais", observou a secretária da Mulher da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Fernanda Lopes. "Por isso a importância desta oficina, para o diagnóstico do momento, falar dos avanços que tivemos, além das estratégias, como movimento social organizado, para a manutenção dessas conquistas e retomada da nossa representatividade nos espaços de poder", completou.

Fernanda Lopes, secretária da Mulher da Contraf-CUTFernanda Lopes, secretária da Mulher da Contraf-CUT

A também dirigente da Contraf-CUT, Katia Cadena, reforçou a experiência de ter participado da oficina. "Foi de extrema importância para refletir e avaliar sobre questões da violência na política e sobre a discrepância, em relação a desigualdade de gênero e representatividade política da participação feminina nos espaços de poder. A oficina ajudou a identificar de que forma a discriminação de gênero macula a democracia brasileira", destacou, completando que o encontro de mulheres de vários setores e sindicatos "ajudou a ampliar a reflexão de como identificar as particularidades e dificuldades da inserção feminina nas tomadas e espaços de decisões".

A troca de conhecimento entre mulheres de várias categoriais, na oficina, também foi avaliada como fundamental pela dirigente do Sindicato dos Bancários e Bancárias de Curitiba, Samanta Almeida. "Apesar de toda a diversidade, temos um caminho em comum, que é o de luta por igualdade salarial, por condições melhores de trabalho, para que a gente possa ter uma vida de descanso também, não só de cuidado do outro. Discutimos ainda sobre o direito a uma vida sem assédio moral e sexual e que a gente, além de lutar pela paridade nos nossos sindicatos, temos que ocupar espaços de liderança nos sindicatos e fora do sindicato, na política", ressaltou.

A dirigente do Sindicato dos Bancários e Bancárias de Jundiaí, Mayara Siqueira, concluiu o balanço do encontro frisando que os debates pautados foram importantes para reconhecer a dimensão dos desafios à frente. "A Oficina de Mulheres da UNI é sempre um importante espaço de aprendizado e troca de experiências entre mulheres e homens. Mostra que a estrada ainda é longa para desconstruir o machismo estrutural que existe em cada uma e cada um de nós. Mostra também que avançamos ocupando os espaços e compreendendo que a luta é feita principalmente com unidade", explicou. "Na mesa sobre saúde mental com a Dra. Cathana os dados foram alarmantes. As novas dinâmicas no mundo do trabalho têm reflexos diretamente negativos na saúde das trabalhadoras e trabalhadores. Além disso, reforçou que não podemos aceitar que homens usem a fisiologia do corpo feminino para justificar um comportamento social. A famosa frase 'está de TPM', por exemplo, é carregada de misoginia e machismo e só através de luta e educação poderemos progredir”, completou.

"Foi um momento importante de formação, onde debatemos desafios da participação das mulheres nos espaços de poder e decisão, como um instrumento de efetivação da nossa democracia e que passa também pelo combate à violência política de gênero, por políticas públicas, como a do cuidado, reservas de cadeiras nos parlamentos. Ações necessárias pra implementar para continuar essa luta de promoção da igualdade de gênero em todos os espaços de poder", concluiu Márcia Viana, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-SP.

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