Greve dos bancários no Paraná completa dez dias com 17.800 funcionários paralisados

A greve nacional dos bancários chegou ao décimo dia consecutivo nesta quinta-feira (15). São 17.800 bancários em greve, 787 agências fechadas e nove centros administrativos. O Centro administrativo do HSBC do bairro Hauer, em Curitiba, teve suas atividades paralisadas hoje, com adesão de cerca de 2.500 funcionários. Os dados são da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (FETEC-CUT-PR), que representa 85% do total de bancários no Paraná.

Na última rodada de negociação, ocorrida nesta terça-feira (13), a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) apresentou a mesma proposta que já havia sido rejeitada pela categoria – reajuste de 7% nos salários, abaixo da inflação, e abono de R$3,3 mil. Na tarde desta quinta-feira (15) deve acontecer nova rodada de negociação.

Na avaliação do secretário geral da FETEC-CUT-PR, Deonísio Venceslau Schmidt, a greve vem aumentando expressivamente em todo o Brasil. Ele diz que os bancários se preocupam com os transtornos gerados para a população, mas que as pessoas têm apoiado o movimento grevista porque entendem que de fato os banqueiros não exploram só os funcionários, mas todos os clientes e usuários do sistema financeiro. Basta ver as taxas de juros cobradas e as altas tarifas diante da prestação de serviços cada vez piores.

“Se os banqueiros, mais uma vez, não vierem com uma proposta decente, vamos aumentar todas as formas de pressão que temos enrijecendo ainda mais a greve até chegarmos na total paralisação do sistema financeiro”, comunicou Schmidt. Ele lembrou que o call center do Santander, em São Paulo, foi totalmente paralisado esta semana. Em Curitiba, os centros administrativos do Banco do Brasil (um na capital e outro em São José dos Pinhais, região metropolitana), Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú, Santander e, agora, HSBC já estão fechados.

A proposta da Fenaban não cobre a inflação do período, já que o INPC de agosto fechou em 9,62% e representa uma perda de 2,39%. Os trabalhadores reivindicam reajuste salarial com reposição da inflação (9,62%) mais 5% de aumento real – salário mínimo calculado pelo Dieese (R$3.940,24), PLR de três salários mais R$ 8.317,90. Além da valorização salarial, a categoria pede combate às metas abusivas, ao assédio moral e sexual, fim da terceirização, mais segurança, melhores condições de trabalho. A proteção das empresas públicas e dos direitos da classe trabalhadora, assim como a defesa do emprego, também são prioridades para os bancários.

No noroeste do Paraná, a adesão à greve já atinge 90% das agências. A presidente do sindicato dos bancários de Campo Mourão e região, Nivalda Sguissardi Roy, cita que o comércio, mesmo com sucessivas quedas nas vendas, concedeu 11% de reajuste aos funcionários – índice acima da inflação. Ela acredita que a população entende e apoia a luta dos bancários. Segundo a sindicalista, neste ano, a categoria está muito mais envolvida e tem ajudado os dirigentes sindicais nos piquetes.

“Neste ano, a adesão dos bancários está bem melhor, eles estão compreendendo a importância da luta coletiva da categoria e que realmente não podemos aceitar abono, queremos minimamente a reposição e aumento real porque é o justo e sabemos ser possível.  O bancário, sim, tem respeito pelo cliente, mas os banqueiros não respeitam sequer os funcionários. Continuaremos firmes até o total fechamento do sistema financeiro na região”, disse Nivalda.

Em Arapoti e municípios vizinhos, no Norte Pioneiro do Paraná, das 49 agências bancárias, 33 estão fechadas. O presidente do sindicato dos bancários daquela região, Carlos Roberto de Freitas, comentou que a população nem está mais indo nas agências.

“A greve não é do sindicato é dos bancários. Se todos aderissem, já teríamos resolvido isso em três ou quatro dias. Mesmo assim, neste ano, já temos uma adesão muito maior que no ano passado. Se uma proposta digna não vier, vamos fechar 100% das agências da região”, prevê Freitas.

 

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