Funcionário do ABN Real são explorados diariamente

(Rio) A ilustração que o banco está usando para representar o programa Atendimento Exemplar não deixa dúvidas. Anderson, o personagem da campanha motivacional, aparece atendendo quatro telefonemas, digitando no computador e manipulando papéis, ao mesmo tempo, com um grande sorriso no rosto.

O problema da campanha motivacional é que, por trás do estímulo ao bom atendimento, está o objetivo principal do banco: vender mais e mais produtos. Até um bancário que trabalhe no caixa tem que dedicar tempo a convencer o cliente a adquirir produtos, mesmo com a pressão de uma enorme fila na agência. Apesar do nome Atendimento Exemplar, o programa não dá nenhuma importância à presteza no atendimento nos caixas, provocando uma espera prolongada. No auto-atendimento a situação também é crítica, já que o banco coloca funcionários no hall eletrônico para convencer os clientes a usarem os caixas automáticos, que também ficam com longas filas. A ação que teria resultado efetivo seria a contratação de mais bancários para operarem todos os guichês da agência, dividindo as tarefas para proporcionar ao público um atendimento realmente exemplar.

Para o bancário, o problema está nas condições de trabalho. Fazer muitas coisas ao mesmo tempo configura intensificação do ritmo de trabalho, uma das principais causas de doenças ocupacionais, tanto as físicas quanto as mentais. O personagem Anderson, se fosse uma pessoa real, em pouco tempo apresentaria LER/DORT, perda auditiva e problemas decorrentes do stress, como insônia, doenças do coração, gastrite e ansiedade crônica.

Para os bancários com deficiência a situação é ainda pior. Colocados na linha de frente do atendimento aos clientes – para reforçar a imagem de banco socialmente responsável – eles também devem cumprir o programa Atendimento Exemplar. Mas a empresa não disponibiliza os equipamentos adequados para permitir que estes funcionários possam desempenhar bem suas funções.

Exigir que o empregado seja prestativo, atencioso e eficiente sem lhe oferecer condições de trabalho para isto é querer que o bancário faça mais que o possível.

Fonte: Feeb RJ/ES

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