Estadão: crédito do BB e da Nossa Caixa não chega ao mercado

CLEIDE SILVA – Agencia Estado

SÃO PAULO – Dos R$ 8 bilhões em linha de crédito prometidos no mês passado pelo Banco do Brasil e a Nossa Caixa para os bancos de montadoras financiarem a compra de veículos, apenas R$ 1,6 bilhão chegou ao mercado. Falta de confiança do consumidor para assumir dívidas, critérios mais rígidos para aprovação de crédito e alguma burocracia na liberação das linhas contribuíram para que o dinheiro ficasse parado nos bancos.

Dos R$ 4 bilhões oferecidos pelo BB, R$ 1,5 bilhão foi liberado. Já a Nossa Caixa liberou R$ 1,6 bilhão, mas só foram retirados pelos bancos R$ 100 milhões. Muitos bancos ainda estão negociando o custo da operação, diz o presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), Luiz Montenegro. Ainda assim, informa, os recursos liberados até o momento têm atendido à necessidade das instituições, e quem entra na concessionária encontra crédito.

Para vários lojistas, há dinheiro disponível, mas os bancos estão mais seletivos na aprovação do crédito, talvez por ação preventiva.

Pesquisa feita na semana passada pela agência especializada em varejo de veículos MSantos, em 18 revendas da Grande São Paulo, reflete a dificuldade na obtenção de crédito. De 743 pedidos de financiamento para veículos novos com valor de até R$ 27 mil, 28,3% foram recusados. Na faixa de R$ 27 mil a R$ 50 mil, 13,1% das fichas foram reprovadas. Já para a faixa acima de R$ 50 mil, a restrição foi de 2,7%. Para carros usados, houve 37,6% de recusa entre 311 pedidos de crédito. O consumidor das classes C e D, com faixa de renda de até R$ 3 mil, foi abandonado e não consegue mais comprar carro, avalia o economista Ayrton Fontes.

Segundo Fontes, a maioria das fichas era de consumidores sem restrição para consumo, ou seja, não estão nas listas da Serasa ou do SPC. Algumas das explicações das financeiras para recusar a liberação foram tempo de emprego de apenas dois anos, não ter casa própria ou união estável só há um ano. São argumentos, diz o economista, que há pouco tempo não existiam.

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