Engodo eleitoral pode tirar bilhões do povo

Números do Banco Central comprovam que os bancos públicos e o FGTS, assim como a Previdência Pública, injetam grandes somas de capital nos municípios

Há anos os bancos públicos – como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e BNDES –, vêm enfrentando privatizações de operações, fechamento de milhares de postos de trabalhos e mudança de atuação. Os últimos governos, em conjunto com grande parte dos deputados e senadores, frequentemente promovem ataques a essas empresas públicas.

O exemplo mais recente (leia abaixo) é o do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que recebeu 74,2 mil votos nas eleições de 2018.  Os municípios com maior número absoluto de votos para o deputado são Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, São Gonçalo, Duque de Caxias, Itaboraí, Niterói, São João de Meriti, Resende, Saquarema e Itaiaia.

Nessas dez cidades moram 11 milhões de habitantes. Em janeiro de 2019, 413 mil famílias foram beneficiadas pelo Bolsa Família, injetando R$ 75 milhões no mercado local através do programa. Nesses municípios já foram entregues 83 mil unidades habitacionais das 124 mil contratadas pelo programa Minha Casa Minha Vida, com um total de R$ 11,27 bilhões investidos. Ambos os programas são administrados pela Caixa. Os números são da Caixa e do Portal da Transparência.

Ainda nesses 10 municípios, em 2018 as operações de crédito alcançaram um total (somando bancos públicos e privados) de R$ 172 bilhões, sendo R$ 53 bilhões em financiamento imobiliário. A poupança total somou R$ 78 bilhões.

Deste total, somente os bancos públicos foram responsáveis por R$ 121 bilhões das operações de crédito, R$ 50 bilhões de financiamento imobiliário e R$ 35 bilhões da poupança.

Bancos privados retiram capital dos municípios

Ou seja, os bancos privados, nestes municípios, foram responsáveis por apenas R$ 3 bilhões para financiamento imobiliário, apesar de captar R$ 43 bilhões de poupança, retirando investimento desses municípios.

Analisando um recorte mais específico, a Caixa é responsável, nessas cidades, por R$ 64 bilhões das operações de crédito, R$ 48 bilhões do financiamento imobiliário e R$ 24 bilhões dos depósitos em poupança. Os números são do Banco Central.

“Podemos ver que só para esses 10 municípios que deram maior votação ao Maia, cinco tem empreendimentos do Minha Casa Minha Vida. Além de garantir a gestão premiada da Caixa feita de forma centralizada”, ressalta Dionísio Reis, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa).

“Além de resolver a questão da habitação, o financiamento da casa própria gera milhares de empregos na construção civil, o que também contribui para a renda desses municípios. Portanto, todos ganham e ninguém é ‘roubado’. Se fosse depender dos bancos privados, esses municípios teriam uma merreca de crédito imobiliário”, acrescenta.

“Os deputados são eleitos nos municípios e muitos deles não correspondem aos anseios da população ao atacarem os bancos públicos, praticando verdadeiro estelionato eleitoral. Os bancos privados captam dinheiro dos moradores, mas não investem nesses locais. E muitos deputados, nas votações na Câmara, servem aos interesses dos bancos privados e não dos bancos públicos e dos municípios, que têm grande interesse em políticas como habitação e saneamento, em grande parte financiadas pela Caixa por meio do FGTS”, reforça Dionísio.

Para Maia, FGTS não deveria ser usado para programas sociais

Rodrigo Maia afirmou que R$ 7 bilhões do lucro anual da Caixa Econômica Federal são “roubados” do trabalhador por meio da taxa de administração do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Para o deputado, o rendimento do FGTS não deveria ser utilizado pelo governo para subsidiar programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida. “Não é justo que o dinheiro do trabalhador, que é sócio deste fundo imenso que é o FGTS, seja usado como subsídio para construir a casa de outra pessoa”, disse Maia em entrevista ao programa Poder em Foco, do SBT, na madrugada desta segunda-feira, 14.

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