Desafios para os trabalhadores no segundo semestre

Governo acentua o desemprego e a inflação, sem perspectivas de reativação da economia

Desemprego, informalidade e inflação são os pesadelos da população brasileira nesse segundo semestre de 2020 e foram debatidos na reunião da Executiva da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), realizada nesta terça-feira (24). A discussão foi feita com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e estudos feitos pelo Departamento Intersindical e Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

“Não existe perspectiva de crescimento neste governo porque Bolsonaro não está fazendo investimento nenhum. Essa situação não muda sozinha. Se tivesse comprado vacina antes, teria evitado essa queda. Evitaria as mortes e também essa queda do PIB. Bolsonaro dizia que a gente teria de escolher entre a vida e a economia, Não tem nada a ver. Ficou claro que salvando as pessoas, estaríamos salvando a economia. Se nao salvar as pessoas e seus rendimentos, a economia vai para o buraco”, afirmou a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira. O cenário apresentado na reunião é desanimador. Com o Produto Interno Bruto (PIB) estagnado, queda nas vendas no varejo e da renda da população, a crise está escancarada.

O PIB sofreu em 2020 a maior queda dos últimos anos: uma redução de 4,1% em relação a 2019, de acordo com dados do Banco Central. No primeiro semestre deste ano, O PIB cresceu apenas 1,2% e revela uma economia estagnada. Os setores econômicos que mais geram empregos, o setor de serviços e industrial ficaram na estagnação. Serviços registrou crescimento de 0,4% e indústria cresceu 0,7% nos três primeiros meses deste ano. Os números são do IBGE. A renda real mensal dos trabalhadores, de acordo com o IBGE, teve uma queda de R$ 18,6 bilhões ao mês.

Desemprego

O quadro crítico se escancara quando se trata de emprego. A crise econômica que se acentuou com a pandemia teve como saldo a redução de 10 milhões de postos de trabalho em afinal de 2020. Nos três primeiros meses de 2021 eram 14,8 milhões de pessoas desempregadas. “O número de pessoas desempregadas só aumenta a cada trimestre. A taxa de desocupação, de 14,6%, ficou no maior patamar histórico do IBGE”, destacou o economista Gustavo Cavarzan, do Dieese.

De acordo com dados do IBGE, 36,5 milhões de trabalhadores formais, com carteira assinada, estavam empregados em 2014, o maior número da série histórica. A crise que se acentuou em 2020 com a pandemia jogou esse índice para 29 milhões no final do ano, o menor índice registrado pelo IBGE. No 1ºtrimestre deste ano, o contingente registrou uma leva alta e foi para 29,7 milhões.

Informais, as maiores vítimas

Já o número de trabalhadores sem carteira assinada vinha aumentando gradualmente nos governos Temer e Bolsonaro. Ao final de 2019 atingia o maior contingente, de 11,8 milhões de trabalhadores informais. Em 2020, no entanto, vem a queda abrupta e o índice dos informais empregados despenca para 8,7 milhões. No começo deste ano, a recuperação é pequena, indo para 9,8 milhões de trabalhadores informais empregados. “As maiores vítimas do desemprego são os empregados sem careira assinada. Estes sofreram a crise de forma intensa. Em 2021 nem o emprego precário foi capaz de absorver as pessoas no mercado de trabalho”, ressaltou o economista do Dieese.

Inflação brutal

A gravidade aumenta quando é feita a combinação de desemprego, estagnação econômica e inflação, outro fantasma que aterroriza a população e os trabalhadores. Nos sete primeiros meses de 2021, a inflação dobrou. Em janeiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) era de 5,53%. Em julho, passou para 9,85%. Os dados são do IBGE e do Banco Central, elaborados pelo Dieese. Para agosto, a estimativa é que o INPC passe para 9,96%.

“A categoria bancária tem compromissos importantes nos próximos dias. Nos dias 3 e 4 de setembro vamos realizar nossa Conferência Nacional, para traçar os próximos passos da categoria, que precisa se unir e se organizar ainda mais nesse momento tão difícil. Outro compromisso é nos manifestarmos contra o governo Bolsonaro, no dia 7, quando no país todo será realizado o Grito dos Excluídos. Esse governo nos exclui e nos ameaça a cada dia”, concluiu a presidenta da Contraf-CUT.

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