O mais recente episódio do ContrafCast traz o secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Almir Aguiar, em uma conversa sobre racismo estrutural, violência policial e juventude negra. A entrevista tem foco no VIII Fórum da Visibilidade Negra no Sistema Financeiro, que será realizado nos dias 6 e 7 de novembro, em Fortaleza (CE). O evento tem como objetivo fortalecer o debate sobre representatividade e combate à discriminação racial nas instituições financeiras e no conjunto da sociedade.

“O Fórum é um espaço essencial para discutir como o racismo se manifesta nas relações de trabalho, nas oportunidades e nas formas de ascensão profissional. Precisamos enfrentar o racismo de forma estruturada, com políticas que garantam oportunidades reais para a população negra”, afirmou Almir Aguiar.

Ouça no Spotify

Chacina no Rio

O dirigente também fez críticas à operação policial no Rio de Janeiro que deixou 117 mortos, episódio amplamente denunciado por entidades de direitos humanos. Para ele, o caso é um retrato do racismo institucional presente nas políticas de segurança pública do país.

“O que vimos no Rio foi uma chacina. Quando as vítimas são jovens negros e negras das periferias, a resposta do Estado é sempre a mesma: bala, repressão e morte. Isso é o retrato de um país que ainda não aprendeu a valorizar a vida negra”, destacou.

Negros são alvo

Ao longo da entrevista, Almir lembrou que os casos de violência policial no Brasil têm como alvo principal a juventude negra, e ressaltou que o tema precisa ser tratado como prioridade de Estado.

“Não se trata de casos isolados. Existe uma lógica que criminaliza a pobreza e naturaliza a morte de pessoas negras. Enquanto não houver políticas de prevenção, educação, emprego e cultura voltadas para a juventude, continuaremos repetindo tragédias”, disse o dirigente.

Mais temas tratados no ContrafCast

O episódio também abordou o Plano Juventude Negra Viva, lançado pelo Ministério da Igualdade Racial como instrumento de combate à violência e promoção da cidadania. Segundo Almir, a iniciativa é um passo importante, mas precisa ser acompanhada de compromisso político e recursos permanentes.

“O plano precisa sair do papel. É preciso garantir orçamento e execução para que a juventude negra tenha acesso a oportunidades, e não apenas a promessas. A luta por igualdade racial é também uma luta por vida e dignidade”, afirmou.

O episódio reforça ainda a necessidade de mobilização social permanente em defesa das pautas da população negra, para além do mês de novembro – mês da Consciência Negra. Almir explica que a luta antirracista é uma das principais lutas da classe trabalhadora.

“É preciso falar de racismo e de desigualdade, de emprego, de renda e de democracia. O Fórum da Visibilidade Negra é um exemplo de como podemos transformar essa discussão em ação concreta”, concluiu Almir Aguiar.

Além de ouvir no Spotify, você também pode ver o vídeo do podcast no canal da Contraf-CUT no Youtube.

Veja no Youtube