Conferência discute estratégia para fortalecer a organização e a luta internacional

Rede de Comunicação dos Bancários
Júnior Barreto/Contraf-CUT e Evando Peixoto/Fenae e Seeb-DF

A 10ª Conferência Nacional dos Bancários colocou em evidência a forte presença da categoria no movimento sindical internacional. A plenária de “Análise do Instrumento Pacto Global das Nações Unidas em Empresas Multinacionais”, realizada na tarde deste sábado, 26 de julho, contou com a presença de representantes de organizações sindicais de âmbito mundial e continental, ligadas ao setor financeiro.

As discussões foram abertas com exposição de Oliver Roethig, presidente da UNI Finanças Mundial, tendo também a participação de Osmar Marecos, Secretário Geral adjunto do Sindicato dos Trabalhadores do Banco do Brasil no Paraguai.

‘Entre os melhores do mundo’

Roethig ressaltou a importância do movimento sindical bancário brasileiro. “Vocês estão entre os melhores do mundo, já são na América Latina”.

Alguns desafios foram observados no processo de internacionalização de empresas, como:

A globalização
As políticas divergentes realizadas pelos bancos presentes em diversos países do mundo.
O ataque aos direitos dos trabalhadores

Nesta perspectiva Roethig cita o Banco do Brasil como um exemplo deste fenômeno perverso. “Fora do Brasil ele não é estatal e tem-se revelado com ações divergentes ao que exerce no país sede”.

Os problemas gerados pelo processo da globalização se estendem também a questões da integração e fusão dos bancos, como é o caso dos bancos, Santander e Real.

A crise como resultado

Para Roethig, a integração e fusão de bancos criam estruturas internacionais que precisam ser enfrentadas também pela colaboração entre as organizações dos trabalhadores. “É necessário que os sindicatos denunciem essas empresas em seus países de origem”, ressaltou.

Os bancos operam em diferentes países e para Roethig não há mais identificação com o país sede. “São questões que expõem a crise financeira, já que os bancos desejam lucrar todos os anos 25% ou mais, chegando até a 50%, enquanto a economia mundial cresce por ano entre 5% e 7%”.

O mecanismo utilizado pelo banco para gerar lucro é mesclar a demissão com a sobrecarga de trabalho aos que permanecem na empresa. Tal postura gera uma tensão entre os trabalhadores, aumentando o nível de stress. “O resultado de tudo isto é a crise. Trata-se de um comportamento que apenas recentemente vem sendo combatido pelos legisladores e sindicato”, lamenta Roethig.

‘Precisamos nos unir’

O processo da internacionalização faz com que empresas e bancos busquem a criação de operações em todos os países, mas sem nenhuma relação com o “país mãe”. São operações integradas transnacionais.

Para ele, o processo torna as empresas cada vez mais complexas e menos transparentes. “Precisamos nos unir. Devemos mostrar que a nossa rede e organização também é conduzida internacionalmente”. Roething acrescenta que os elementos a serem utilizados são os acordos coletivos e as ações com políticos e governantes, sobretudo, face à organização empresarial globalizada, em busca da proteção aos direitos dos trabalhadores dos diferentes países.

Em uma pesquisa realizada com cinco empresas do setor, foram perguntados se concordavam com o direito de reconhecer a formação de um sindicato e os acordos coletivos. Na pesquisa, a maioria respondeu positivamente, que são favoráveis, porém que seguiriam os procedimentos apenas no país sede. “Prometem, mas não cumprem”, diz Roethig.

‘A sociedade é gente e não dinheiro’

Os bancos ruins também representam riscos aos acionistas, já que ligam a imagem a questões de responsabilidade social e aos cumprimentos com os direitos dos trabalhadores. Mas, o que foi identificado é que os bancos cumprem apenas o que está estabelecido na legislação, e referente ao país sede não possuem o menor controle sobre o que acontece em outros países. “São grandes problemas que o ‘país mãe’ não sabe administrar, as empresas não estão cumprindo com as promessas”, ressalta Roethig.

Para ele, é preciso publicar os compromissos dos bancos em nível nacional, desafiá-los. Tornar público e denunciar as estruturas permanentes e os acordos internacionais. Precisam cumprir com os direitos trabalhistas em cada país que operam.

“Este é o elo entre o conhecimento do banco e o nosso externo”, diz Roething -, que acrescenta: “a opinião pública está a nosso favor, a sociedade é gente e não dinheiro”.

Banco do Brasil

O líder sindical dos bancários do BB no Paraguai, Osmar Marecos, denunciou as perseguições da direção do banco brasileiro aos trabalhadores. Segundo ele, o BB atua como qualquer outra multinacional, retirando direitos, impondo brutal carga de trabalho e praticando retaliações.

Osmar apontou o sindicalismo brasileiro como referência de organização e de luta para os trabalhadores paraguaios e destacou a importância da luta conjunta contra a prática anti-sindical do Banco do Brasil em seu país.

UNI Sindicato Global

A UNI (Union Network International) é um sindicato mundial do setor de serviços privados, que congrega cerca de mil organizações de trabalhadores de 90 países. A UNI Finanças tem sua atuação voltada para o setor de serviços bancários e de seguros, entre outros.

O vice-presidente da UNI Finanças Mundial é Luís Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo. A UNI América Finanças é presidida por Vagner Feitas, presidente da Contraf/CUT. Outro brasileiro na UNI América é Márcio Monsane, que responde pela secretaria-geral da entidade. Monsane é ex-dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

Compartilhe:

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no telegram
Telegram