BB e bancários são vítimas da interferência de Bolsonaro

Além de cancelar comercial com jovens negros, banco cortou programa interno de equidade de gênero e desqualificou exigência de cursos sobre diversidade e prevenção ao assédio moral e sexual em processos seletivos internos do banco
Banco do Brasil imagem
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A proibição da veiculação de um comercial do Banco do Brasil voltado para os jovens é a parte mais visível de uma política de desmonte do banco público, que vem sendo colocada em prática após o governo federal ter indicado Rubem Novaes para a presidência da instituição. Esta é a visão da presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.

Para Juvandia, o veto da publicidade vai além da discriminação. É a confirmação da política que o banco vem implantando neste governo, que prejudica os funcionários e a própria instituição. Neste caso, além de perder o dinheiro utilizado na produção, deixou de atingir o público para o qual a campanha era direcionada e gerou uma reação contrária. “Muita gente nas redes sociais afirmou que vai encerrar a conta no banco. Alguém tem dúvida de que, além do preconceito, este ato faz parte da política de desmonte do banco?”, questionou a presidenta da Contraf-CUT.

Para o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), Wagner Nascimento, “essa política restritiva e de interferência no banco afeta não só a publicidade, mas a geração de novos negócios. Os bancários e o BB são vítimas de um governo que não pensa na sociedade brasileira”, afirmou.

Defesa do banco púbico

“Se o governo quer promover o desmonte do banco e que os clientes encerrem suas contas, defendemos justamente o contrário. O Banco do Brasil, como banco público, é uma instituição que contribui para o desenvolvimento do país e assim deve continuar. É um banco que mantém agências em localidades onde os bancos privados não têm interesse. Possibilita o acesso da população aos serviços bancários e ajuda a promover o desenvolvimento nas regiões que mais precisam”, defendeu Juvandia. “Queremos a continuidade do Banco do Brasil como banco público!”, concluiu.

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o Banco do Brasil, juntamente com o Banco do Nordeste, detinha cerca de 70% da carteira de crédito rural, no Plano Safra 2016-2017, principalmente daqueles concedidos à agricultura familiar, que é a responsável pela produção da maior parte dos alimentos consumidos pelos brasileiros. A redução do crédito dos bancos públicos para agricultura familiar significa comida mais cara na mesa dos brasileiros.

Igualdade de oportunidades

O Banco do Brasil possui 22,8% (22.654) do total de funcionários negros (pretos e pardos) e indígenas. Na divisão por gênero, as mulheres representam 41,39% do quadro funcional, apesar de serem apenas 4,84% nos cargos de comando. Mas, além do veto à publicidade, nestes poucos meses da gestão Rubem Novaes o Banco do Brasil cortou programas de equidade de gênero no BB e surgiu o problema com a exigência de cursos sobre diversidade e prevenção ao assédio moral e sexual em processos seletivos da Previ. Sem contar o histórico de postagens misóginas, preconceituosas e machistas que ele fez nas redes sociais.

Estas medidas são ainda mais críticas em um momento em que o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional do Bancos (Fenaban) trabalham em conjunto pela implantação de um programa de capacitação da categoria sobre questões de diversidade, como complementação ao 3º Censo da Diversidade Bancária, uma conquista da Campanha Nacional dos Bancários em 2018. Antes da fase de questionário, será realizada uma campanha de sensibilização da categoria e da sociedade sobre as questões da diversidade, com para se iniciar em junho e se estender até outubro, quando será encerrada a fase de questionário do Censo.

Fonte: Contraf-CUT

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