Bancos utilizam PDVs para justificar demissão em massa
Caixa, Banco do Brasil, Bradesco, Gerais, Itaú
Em menos de três anos a categoria perdeu 43,4 mil postos de trabalho; no primeiro semestre de 2019 foram fechadas 2.057 vagas nos bancos
No primeiro semestre de 2019, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), os bancos fecharam 2.057 postos de trabalho no país. De 2013 pra cá, houve uma redução de 62,7 mil postos para a categoria, sendo que 43,4 mil postos foram fechados a partir de 2016. Dados da Pesquisa de Emprego Bancário, elaborada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram que, neste período, raras vezes o saldo de postos de trabalho foi positivo.
“A categoria está encolhendo na mesma proporção do aumento dos investimentos em tecnologia feito pelos bancos, assim como da alta dos lucros”, observou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.
Para a presidenta da Contraf-CUT, quando são lançados os Planos de Demissões Voluntárias (PDVs) há uma drástica redução de postos de trabalho. “São demissões em massa disfarçadas. E, nos bancos públicos são resultado de uma política dos governos Temer e Bolsonaro que, na verdade, querem enfraquecer essas instituições e prepará-las para a privatização”, observou.
No final de 2016, 9.409 funcionários aderiram ao plano de demissão voluntária do Banco do Brasil. No último trimestre daquele ano, o banco fechou 8.537 vagas e jogou o saldo do emprego bancário em dezembro daquele ano para quase 10 mil postos de trabalho a menos, o pior resultado mensal já registrado para um mês desde o início da Pesquisa de Emprego Bancário, em 2010.
Na Caixa, por conta dos Programas de Preparação para a Aposentadoria (PPA) e dos Programas de Desligamentos Voluntários (PDV), de 2015 a 2018, o banco fechou 14.369 postos de trabalho. Em março de 2017, o banco fechou 3.039 postos de trabalho. Em agosto do mesmo ano foram fechadas 2.302 vagas.
Mas, não são apenas os bancos públicos que se utilizam dos PDVs para fechar postos de trabalho. Em julho de 2017, o Bradesco lançou um PDV, que se encerrou em setembro daquele ano. O saldo foi o fechamento de 7.400 postos de trabalho no banco.
Novos PDVs
No final de julho de 2019, no mesmo dia em que anunciou um lucro líquido de R$ 13,9 bilhões no primeiro semestre de 2019, o banco Itaú lançou um PDV, com a meta de adesão de 6.900 bancários. Sem contar que, nos últimos 12 meses o banco já fechou 983 postos de trabalho.
O banco, no seu relatório do segundo trimestre informou que, “no Brasil, a redução anual do quadro de colaboradores está relacionada ao encerramento de agências físicas”. Em doze meses, foram fechadas 199 agências físicas, sendo 195 no 2º trimestre de 2019 e abertas 36 agências digitais (apenas uma aberta no trimestre).
A Caixa prepara mais um PDV. O banco chegou a lançar o plano, depois cancelou e, em seguida, apenas adiou seu lançamento. Quando o plano foi lançado, o objetivo era reduzir até 3,5 mil empregados que trabalham na matriz e em escritórios regionais do banco.
O Banco do Brasil também estuda um plano de demissões. Em reunião realizada com funcionários no dia 29 de julho, o banco anunciou que serão extintos 2,3 mil postos de trabalho (dotações), em comissão ou não. Para aderir ao PAQ, o bancário deve estar em uma unidade e praça considerada com excesso.
A ampliação das agências digitais pode até ter influência na drástica redução de postos de trabalho, mas, a presidenta da Contraf-CUT alerta que a tendência de redução de postos de trabalho se intensificou nos últimos anos. “É a partir do governo Temer que houve um enxugamento tão grande. O Bradesco fez um PDV, assim como o Banco do Brasil e a Caixa fizeram e vão fazer outros agora por causa da política de enfraquecimento dos bancos públicos”, observou.
Sobrecarga
A Contraf-CUT não interfere na adesão aos planos de demissão, apenas instrui os trabalhadores. “O bancário tem todo o direito de aderir aos PDVs. Nossa única observação é para que, antes da decisão, é preciso colocar na balança para ver o que é mais vantajoso e levar em consideração, inclusive, a dificuldade de arrumar um novo emprego e a crise pela qual passa o país”, disse Juvandia. “Essa decisão é pessoal. Não cabe à nós decidirmos por ninguém”, completou.
Mas, Juvandia, observou que, com a redução do pessoal, aumenta a sobrecarga de trabalho, a pressão pelo cumprimento de metas e, consequentemente, o adoecimento. “Não podemos admitir que uma medida de gestão do banco venha a prejudicar os trabalhadores que permanecem na empresa. Vamos cobrar mais contratações, o fim do assédio e das metas abusivas”, afirmou.
Fonte: Contraf-CUT, com informações do Dieese