Bancários disputam samba-enredo da Estácio de Sá de 2024
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Secretário da Contraf-CUT, Almir Aguiar, é um dos autores da canção, que trata da herança cultural africana e do combate ao racismo
O samba-enredo da Escola de Samba Estácio de Sá para o Carnaval do Rio de Janeiro de 2024 pode ser de autoria de quatro bancários: o secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Almir Aguiar (Bradesco), Enilson Nascimento e Walmir do Banjo (aposentados da Caixa) e Jorge Lourenço (Itaú). A Estácio participa atualmente do grupo de acesso.
A composição, com o título “Chão de devoção: orgulho ancestral”, disputa a indicação na interpretação de Pse de Minuta, Júlio Negão e Krek. O enredo da Estácio, dos carnavalescos Marcus Paulo e Mauro Leite, colocará na Marquês de Sapucaí no ano que vem arte, religião e dança dos negros e negras que formam o processo civilizatório brasileiro.
Para Almir, “é sempre importante colocar em pauta a relevância cultural que o povo negro, que foi sequestrado da África para ser escravizado aqui, trouxe para o Brasil, como também a discussão do racismo, do preconceito e da violência contra a juventude, contra a mulher negra, a falta de espaço no mercado de trabalho”.
Sobre o samba-enredo para a Estácio, ele diz que a canção “busca reviver a história como ela precisa ser contada, ou, como diz aquele samba da Mangueira, ‘a história que a história não conta’. Precisamos lembrar a todo momento o nosso legado, para que todos compreendam que o negro era liberto, foi sequestrado da África para ser escravizado e deixou um legado muito grande, que o país precisa conhecer”.
O samba-enredo
Na semana passada, o samba dos bancários passou pela primeira eliminatória. A próxima peneira será nesta sexta-feira (30).
Confira a seguir a letra completa do samba.
Chão de devoção: orgulho ancestral
(Enilson Nascimento, Walmir do Banjo, Almir Aguiar e Jorge Lourenço)
Canta Maria Conga
Esta festança...
“Ofertamos” pra vocês
Na fé de suas preces
A certeza de vencer
Vieram de lá
Do outro lado do oceano
Trazidas do solo africano
Sob o “açoite” do colonizador
Escravizando “mães pretas” da África
Que por seus filhos sofriam a dor...
Em noites sombrias
No “afã” de escravizar
Atacavam “gente de pele preta”
Nos festejos do cultuar...
O sangue que “corre” nas veias
Não é diferente do que “jorra” em seu coração
O que vale na vida da gente
É liberdade, sem discriminação...
Das crenças
À sabedoria “ancestral”
“Orum” Reino das Almas
Do passado ao presente
Com muito orgulho
Somos descendentes...
Canta vovó Cambinda
Canta Maria Conga
Esta festança...
“Ofertamos” pra vocês
Na fé de suas preces
A certeza de vencer
“Neste chão” vermelho e branco
o “racismo” não tem lugar
Com a cultura do “nosso povo preto”
Vem a “Estácio de Sá...”
Ouça o samba, publicado na página do Canal Berço do Samba no YouTube.
Fontes: Contraf-CUT e SeebRio