Bancários capixabas aprovam greve a partir do dia 6 de setembro

Os bancários e bancárias capixabas estarão em greve a partir da próxima terça-feira (06). A decisão foi tomada em assembleia geral da categoria na noite desta quinta (1º), no Centro Sindical dos Bancários do Espírito Santo. A paralisação é nacional, por tempo indeterminado, e envolverá trabalhadores de bancos públicos e privados.

Depois de cino rodadas de negociação, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) se recusou a atender as reivindicações da categoria, apresentando proposta rebaixada de 6,5% de reajuste para salários, PLR, auxílios refeição, alimentação e creche, mais abono de R$ 3 mil. A proposta não contempla as reivindicações de emprego, igualdade de oportunidades, saúde e condições de trabalho, e não repõe sequer a inflação do período, projetada para 9,57% (em agosto). O índice representaria perda de 2,8% nos salários da categoria.

“A proposta da Fenaban significa redução de salários, sem nenhum avanço das cláusulas sociais da minuta. Além disso, a política de abono é um grande retrocesso, pois não é incorporado como benefício, nem refletido nas garantias trabalhistas, como 13º, férias e fundo de garantia”, afirma Idelmar Casagrande, diretor do Sindicato, que representa a Intersindical no Comando Nacional dos Bancários.

Entre as principais reivindicações da Campanha Nacional estão: reajuste de 14,78%, valorização do piso salarial, no valor do salário mínimo calculado pelo Dieese (R$3.940,24 em junho), PLR de três salários mais R$ 8.317,90, combate ao assédio moral, fim da terceirização, fim das demissões, mais contratações, segurança, defesa das empresas públicas e dos direitos da classe trabalhadora, ameaçados pelo governo de Michel Temer.

O coordenador geral do Sindicato, Jonas Freire, ressalta que não há motivos para a negativa dos banqueiros. “Só no primeiro semestre do ano, os cinco maiores bancos que atuam no Brasil (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e Caixa) lucraram R$ 29,7 bilhões. O dado deixa claro que não há crise para os bancos. Esse lucro também é fruto do trabalho dos bancários e bancárias, que precisam ser valorizados”.

Jonas também questiona o número de demissões no setor bancário. “De janeiro a julho, foram cortados 7.897 postos de trabalho bancário. Só no Espírito Santo, foram 147 demissões imotivadas entre janeiro e agosto de 2016. Vivemos um momento de reestruturação produtiva no sistema financeiro que associa o investimento em tecnologias da informação (TI) ao corte de empregados, tudo isso aliado a uma política de metas que pressiona o trabalhador bancário a produzir cada vez mais, sobrecarregando e adoecendo a categoria. O trabalhador é assediado, e os clientes sofrem com o número reduzido de empregados nas agências”, critica.  

A greve foi aprovada por unanimidade entre os presentes. A Campanha Nacional dos Bancários foi lançada no Espírito Santo no dia 09 de agosto, data em que a minuta de reivindicações foi entregue à Fenaban.

Nova assembleia

No dia 05 o Sindicato dos Bancários/ES promove nova assembleia para organizar o movimento paredista. A atividade será às 18 horas, no Centro Sindical dos Bancários/ES.

É hora de unificar a luta

Durante a assembleia os bancários reforçaram o chamado à mobilização da categoria, não apenas para garantir a pauta específica, mas para fortalecer a luta dos trabalhadores num momento de ataque a direitos.  

“As negociações com a Fenaban provocam indignação. O adoecimento da categoria é perverso. E esse adoecimento tem como causa a imposição de metas, o desrespeito. E isso não é privilégio de um banco ou outro, é uma realidade que atinge a todos. A gente precisa construir essa greve com uma indignação capaz de contagiar os colegas ao nosso lado. A Fenaban argumenta que os bancários estão bem, que os lucros não são tão grandes. Todo ano a mesma ladainha. Mas é o setor que mais lucra, e nós somos os responsáveis por esse lucro. Não podemos encarar isso de forma pacífica. Precisamos ter disposição para a luta e dizer para os banqueiros: vocês precisam nos respeitar”, disse Jonas Freire.

“Acabamos de ter um processo de impeachment, e independente da nossa posição política, ficou claro que o motivo não foi a corrupção, mas a necessidade de intensificar a pauta neoliberal e impor medidas que retiram direitos dos trabalhadores. Estão em curso no congresso projetos que liberam a terceirização irrestrita, que congelam os gastos públicos com áreas sociais e impedem o reajuste dos servidores. Tudo isso para garantir o pagamento da dívida pública brasileira”, disse Thiago Duda, bancário do Banco do Brasil e dirigente sindical.

“Estamos fazendo uma negociação num contexto de crise política e de crise financeira. Mas a crise é só para o povo, porque o lucro dos bancos continua nas alturas. Nos bancos públicos federais, vamos negociar com um governo ilegítimo, que não serve aos interesses da nação, mas aos interesses das grandes corporações comerciais. O que está previsto, como o congelamento dos salários de servidores públicos por 30 anos, pode significar para nós 30 anos sem reajuste. Por isso é hora de nos juntarmos na luta. Esse é apenas o começo de uma série de ataques aos nossos direitos. Dia 6 vamos dar uma resposta contundente, de uma greve nacional forte, para mostrar que essa categoria tem resistência”, convocou Rita Rita, bancária da Caixa e diretora do Sindicato.

  

 

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