Aloizio Mercadante: a esperança tem de vencer o ódio

Ex-ministro da Educação, da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Casa Civil durante o governo Dilma Rousseff participou dos debates da 24ª Conferência Nacional dos Bancários

A reconstrução do Brasil que a gente quer pautou os debates da 24ª Conferência Nacional dos Bancários na manhã deste sábado (11). O convidado para palestrar sobre o tema foi Aloizio Mercadante, professor, acadêmico, economista e ex-ministro da Educação, da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Casa Civil durante o governo Dilma Rousseff, além de senador e deputado federal por São Paulo, pelo PT. Atualmente, é presidente da Fundação Perseu Abramo.

Durante a mesa, Mercadante citou prioridades para a reconstrução do país. A primeira delas é combater a fome e recuperar direitos perdidos, com distribuição de renda e inclusão social, em especial o combate à extrema pobreza, por meio da recriação e aprimoramento do Bolsa Família, e da recuperação do poder de compra do salário mínimo.

Mercadante enfatizou que, na conjuntura atual, o mundo do trabalho precarizado é maior que o mundo do trabalho organizado. “Metade da classe trabalhadora não tem sindicato, não tem direito não tem sequer instrumento mínimos de se mobilizar e se defender.”

Outra prioridade apontada por Mercadante é ó investimento público em uma política de industrialização focada na inovação, na ciência e na pesquisa da indústria 4.0.  “Precisamos sair desse mercado primário exportador que está exportando petróleo e comida. Nós precisamos de indústria que gere valor agregado. É a indústria que gera emprego de qualidade. E não haverá condição de recuperar a economia se não tiver um estado com capacidade de investimento”, ponderou Mercadante.

Revisão do teto de gastos: segundo Mercadante, nenhum país da União Europeia tem mecanismo de controle de gastos, e nenhum país do mundo tem um programa que impede o crescimento dos gastos sociais por 20 anos – nem que o PIB cresça –, como o imposto ao Brasil após o golpe de 2016.

“Nos Estados Unidos, olha o plano Biden, olha o plano ‘Nova Geração’, da União Europeia. São planos de um Estado que investe, que tenta reconstruir”, enfatizou o economista.

Fortalecimento da democracia: para isso, é preciso derrotar Bolsonaro e eleger, ainda no primeiro turno, Luiz Inácio Lula da Silva, que governou o Brasil por duas vezes, encerrou segundo mandato com a melhor avaliação da História.

“Hoje a esperança tem de derrotar o ódio e o retrocesso. Essa extrema direita está lá com o Trump, está na colômbia, com mais de 400 dirigentes sindicais assassinados, estava no Chile, está no Uruguai. Ela se organizou nas redes sociais, ela apareceu com uma política de ódio e discriminação, homofóbica, machista. O Bolsonaro é produto deste movimento. Eu faço uma pergunta para vocês: que Brasil nós vamos ter se ele for reeleito e empoderado? Só tem uma liderança capaz de derrotar o Bolsonaro e defender a democracia, derrotar a fome e a pobreza  e retomar o desenvolvimento, o prestígio e o reconhecimento internacional: Luiz Inácio Lula da silva, que foi presidente do pais duas vezes e teve a melhor avaliação de um governo, no fim do seu mandato”.

O economista citou a inflação como um dos principais problemas do brasil atual, e avaliou que o desmonte da Petrobras e a atual política de preços dos combustíveis tem grande parcela de responsabilidade nesta questão.

“Venderam as refinarias, a BR Distribuidora, a estrutura dos gasodutos, e agora querem acabar com o regime de partilha do pré-sal. Estão privatizando e desmontando (…) O Brasil hoje está importando um terço dos derivados do petróleo e exportando óleo cru. O petróleo deve ser uma vantagem comparativa para a economia e para a sociedade, por isso precisamos de uma empresa pública que segure este preço”, afirmou.

Mercadante lembrou da venda da Eletrobras e avaliou que o que está acontecendo com a Petrobras e com o custo dos combustíveis é o pode acontecer com a energia elétrica na casa das pessoas amanhã.

A mesa que debateu o Brasil que a gente quer foi coordenada pelas duas coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários: e Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região; e foi composta por José Eduardo Rodrigues Marinho, secretário de Imprensa do Sindicato dos Bancários do Ceará; Emanoel Souza de Jesus, secretário-geral da Feeb Bahia e Sergipe e representante da CTB; Tatiana Cibele da Silva Oliveira, presidente do Sindicato dos Bancários do Pará e representante da corrente CSD; Carlos Pereira de Araújo; secretário de imprensa de comunicação do Sindicato dos Bancários do Espírito Santo e representante da Intersindical; Max José Neves Bezerra, presidente do Sindicato dos Bancários de Nova Friburgo e representante da corrente Fórum; e Ana Estela Lima, presidenta do Sindicato dos Bancários de Campinas e representante da corrente Unidade.

“Nós vamos renovar a nossa Convenção Coletiva, mas o principal acordo coletivo, nossa principal luta desse ano, são as eleições. Estamos resistindo ao desmontes do Estado, resistindo contra os ataques aos direitos trabalhistas, contra as privatizações das empresas públicas, inclusive dos bancos públicos, essas importantes ferramentas para a distribuição de renda, que estão sendo sucateadas, entregues, desmontadas. Nossa principal campanha é resgatar o Brasil que a gente quer (…) Temos aqui militância do Brasil inteiro, de norte a sul do Brasil, motivados para fazer a luta corporativa, mas também para fazer principalmente o debate do Brasil que a gente quer e derrotar Bolsonaro nessas eleições”, disse Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT.

“Vocês trabalham para um dos poucos setores que ganham muito, mesmo quando o povo está passando pelo o que está passando. Então, vocês tem de fazer uma grande campanha, buscar a justa valorização, mas vamos lutar para retomar esse país. Organizem uma pauta para discutir programa de governo: bancos públicos fortes; papel dos fundos de pensão; como reduzir a dívida dos pequenos devedores e democratizar o crédito; como combater a concentração bancária. Vamos sentar com os bancários e vamos pensar esse país”, disse o Mercadante.

“Termino aqui dizendo que espero que vocês tragam as propostas para a gente avançar no programa de governo. Vamos trabalhar fundos de pensão, papel dos bancos públicos, como aumentar a concorrência bancária, como reduzir o custo do crédito, e como reduzir a dívida dos pequenos devedores. Eu, sinceramente, lá na posse, espero ver vocês lá em Brasília. Nós vamos mudar de novo a história desse país e construir um Brasil solidário, justo e sustentável”, encerrou o ex-ministro.

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