Violˆncia contra banc rios ‚ mais uma vez destaque na imprensa

(São Paulo) O aumento no número de assaltos e as conseqüências disso na vida dos bancários foi tema de reportagem do Jornal da Tarde (JT), edição de sexta-feira, 30 de março.

As informações foram fornecidas pela Contraf-CUT e pelo Sindicato de SP, que também assessoraram os bancários que concederam entrevistas relatando as situações de violência vividas nas agências nos momentos de assalto.

“O número de Comunicados de Acidentes de Trabalho (CAT) relacionados a roubo a banco aumentou 58,5% em São Paulo, no ano passado, em relação a 2005. Este ano, os registros já somam 26,8% do total de 2006. Ou seja, hoje mais bancários sofrem com os traumas e seqüelas deixados em um ataque violento durante o trabalho”, destaca a reportagem, lembrando que em 2005 foram registrados 48 assaltos a bancos, no ano passado, 82, e nos primeiros três meses de 2007, já foram 22 ocorrências.

A especialista em Medicina do Trabalho assistente do Sindicato, Maria Maeno, relatou: “Nós temos visto cada vez mais bancários com estresse pós-traumático por causa de algum tipo de violência nas agências. Esse sintoma pode ocorrer no momento do ataque ou meses depois. Essa categoria hoje apresenta um grande sofrimento mental”.

Vida real

A reportagem fala da dificuldade que esses bancários vivem para registrar as CAT’s e traz o depoimento de Carla de Lucena Watanabe, um exemplo desse sofrimento. A bancária adquiriu síndrome do pânico, problemas hormonais e ficou internada depois de um assalto em que teve de entregar os malotes de dinheiro porque o marido de sua colega de agência estava refém de bandidos. “Ela entrou na agência e mostrou as fotos do marido com armas na cabeça. Eu pensei: ‘A vida de uma pessoa ou o dinheiro do banco?’ Eu não tive outra opção”, explicou à reportagem do JT.

A tesoureira N. também contou sua história, 4 minutos de terror em que permaneceu presa em uma sala com ladrões. “Ele disse que, se o cofre não fosse aberto, atiraria. Eu respondi que atirasse na cabeça para me matar, porque sou viúva  e não poderia criar minhas duas filhas aleijada. Paguei psicólogos do meu bolso e hoje tomo dois calmantes por dia para pisar na agência.” No caso dela, o banco também evitou registrar a CAT. “Fui tratada como cachorro. Para o banco, morreu, morreu. Sou só um número.”

O outro lado

Na reportagem, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informa que considera pequeno o número de agências interditadas pela Comissão Consultiva de Assuntos de Segurança Privada (Ccasp). Foram 46 entre 2001 e 2007 e as razões: falta de vigilante, de plano de segurança, alarme inoperante. “Sobre a falta de registros de CAT, a federação explicou que somente registra quando o funcionário foi diretamente envolvido em um roubo a banco ou posto de atendimento. Para o órgão, em um assalto a banco, necessariamente não existe relação direta entre o ataque e o funcionário”, informa a reportagem do JT, que também ressalta: “Em média, segundo especialistas em segurança, 60 pessoas, entre funcionários e clientes, correm riscos sempre que há um assalto numa agência”.

Fonte: Cláudia Motta – Seeb SP

Compartilhe:

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no telegram
Telegram