Vamos às ruas pela saída de Temer e por eleições diretas

Logo após a divulgação de gravações em que o presidente Michel Temer é flagrado pedindo para que Joesley Batista, um dos sócios da JBS, continue com os pagamentos a Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, e ao doleiro Lúcio Bolonha Funaro para que ambos mantivessem o silêncio e não delatassem outros envolvidos no esquema de corrupção investigado pela operação Lava Jato, as frentes Brasil Popular e Povo Sem medo convocaram manifestações para todas as capitais do país, que devem acontecer a partir desta quinta-feira (18). Também já convocou uma grande manifestação para domingo (21) em São Paulo.

Em outra gravação, Temer indica o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para "resolver assuntos" da J&F, uma holding que controla a JBS. A polícia federal seguiu e filmou Rocha recebendo uma mala com R$ 500 mil, enviados por Joesley.

Diante das gravações, também ganha força a convocação feita pela CUT, demais centrais sindicais e movimentos sociais para que Brasília seja “ocupada” na semana que vem em protesto e para pressionar deputados e senadores a rejeitarem as propostas de reforma trabalhista e da Previdência encaminhadas pelo atual governo ao Congresso Nacional.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) apoia a proposta da CUT, outras centrais e movimentos sociais para que o Congresso Nacional pare imediatamente com o golpe em andamento. Congele a tramitação das propostas do atual governo e seus aliados, acate os pedidos de verificação de crimes pelos quais Temer é denunciado, o afaste da Presidência da República e, se comprovado os crimes, o deponha do cargo e apresente denúncia criminal. Em seguida, convoque eleições diretas para a eleição presidencial.

“Há exatamente um ano, foram divulgadas gravações de conversas entre Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro, e o senador Romero Jucá, nas quais o senador dizia que era preciso derrubar Dilma para que Temer assumisse e barrasse as investigações da Lava Jato. Segundo Jucá, com Dilma na presidência, isso não era possível, pois ela não aceitava esse tipo de coisa. Temer sim. Agora, essas novas gravações comprovam isso”, disse Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT. “Temer pode não ter pedido diretamente a propina, mas sabia de sua existência e foi gravado dizendo que o esquema teria que continuar”, completou o presidente da Contraf-CUT.

Antes de o impeachment ter sido concretizado, os movimentos sociais já defendiam que a tirada de Dilma Rousseff da Presidência era um erro, um golpe contra a democracia. “Esperamos que todos os brasileiros também enxerguem isso agora e saiam às ruas para pedir a saída deste presidente golpista e ilegítimo e sua substituição por meio de eleições diretas”, disse von der Osten.

Limpeza geral
O senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, também foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley para pagar despesas com sua defesa na Lava-Jato. Aécio indicou seu primo Frederico Pacheco de Medeiros, para receber o dinheiro. Fred, como é conhecido, foi diretor da Cemig, nomeado por Aécio, e coordenador de logística de sua campanha a presidente em 2014. A Polícia Federal filmou a entrega de dinheiro a Fred. Os números de série das notas haviam sido registrados previamente. A mala onde estava o dinheiro possuía um chip para permitir sua localização. Os valores foram depositados na conta de uma das empresas do senador Zezé Perrella (PMDB/MG), ligado a Aécio e dono do helicóptero apreendido pela Polícia Federal em dezembro de 2013 com 450 quilos de cocaína.

“São denúncias gravíssimas, feitas contra um presidente que não tem apoio da sociedade brasileira e contra parlamentares que apoiaram o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e agora apoiam reformas que prejudica a classe trabalhadora e beneficia os empresários que bancaram suas campanhas eleitorais. Eles não têm condições de propor nem de votar reforma de nenhuma ordem”, afirmou o presidente da Contraf-CUT

Além da saída de Temer e eleições diretas para sua substituição, o presidente da Contraf-CUT defende que os demais envolvidos no esquema de corrupção também sejam punidos.

“Não concordamos com o vazamento seletivo de informações sobre os processos que correm na Justiça antes que os mesmos sejam concluídos, mas defendemos que, após decisão judicial, todos os culpados sejam punidos. Não se pode penalizar apenas um partido, tampouco apenas os ‘bodes expiatórios’”, disse von der Osten, lembrando que as divulgações atuais são diferentes de outras vazadas no processo que corre em Curitiba. “Neste caso, fizeram as gravações e foram atrás de provas que realmente incriminam os denunciados. Não basta que alguém alegue que outra pessoa está envolvida se não são apresentadas provas concretas. Desta vez as denúncias são robustas e estão no caminho correto. Só assim a sociedade poderá ter certeza de que estão sendo respeitadas as liberdades democráticas”, completou o presidente da Contraf-CUT.

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