Valor: Previ perde 11% em 2008 e espera um ano difícil

Valor Econômico
Catherine Vieira e Rafael Rosas*, do Rio

Com uma rentabilidade média negativa de 11,49% da carteira, a Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil teve seu superávit, que estava acumulado em R$ 52,937 bilhões em 2007, reduzido para R$ 26,312 bilhões no fim do ano passado. Esses resultados são relativos ao plano 1, o maior da Previ, com R$ 115,3 bilhões, quase a totalidade dos R$ 116,7 bilhões do patrimônio global. Maior fundação do país e muito aplicada em renda variável – 57% da carteira – a Previ vislumbra para este ano, um cenário talvez ainda mais difícil do ponto de vista de planejamento e administração da carteira.

“Ano passado foi difícil em termos de resultado, mas tudo aconteceu tão abruptamente, que nossa margem de manobra era pequena”, observou o presidente da Previ, Sérgio Rosa. “Acho que, sob esse ponto de vista, 2009 pode ser pior”, acrescentou ele, lembrando que há muita instabilidade e dificuldade em traçar cenários, o que torna mais complexas as decisões de alocação de recursos. De acordo com o dirigente, o maior desafio dos gestores será interpretar os sinais corretos a respeito da profundidade e da duração da crise.

O patrimônio do plano 1 da Previ, que era de R$ 137, 1 bilhões em 2007, caiu para R$ 115,3 bilhões, sendo que cerca de R$ 6 bilhões correspondem ao montante usado para pagar os benefícios e outros R$ 15,3 bilhões equivalem às perdas com as aplicações financeiras. Em 31 de dezembro passado, 57,45% da carteira estava aplicada em renda variável, fatia mais afetada pela crise internacional, com perda de 24,04%.

A queda, inferior a do Ibovespa, foi amortecida por conta das participações em bloco de controle, como ocorre na Vale, CPFL e Neoenergia, por exemplo. Nesses casos, a contabilização é feita por avaliação econômica e não pelas variações dos papéis em bolsa.

Os ativos de renda fixa somavam R$ 42,7 bilhões no fim de 2008, representando 37,04% da carteira do Plano 1 e uma rentabilidade de 12,23% em relação a 2007. Já os imóveis, que correspondem a 2,82% da carteira, apresentaram os melhores ganhos em 2008, de 21,61%. Além do Plano 1, há o Plano Previ Futuro, mais novo, que fechou 2008 com patrimônio de R$ 1,104 bilhão. Como é menos aplicado em renda variável, teve perda menor em 2008, de -2,6%.

Durante a apresentação dos dados de 2008, Rosa admitiu que não é animador apresentar dados negativos, mas procurou ressaltar que ainda existe um superávit consistente. O chamado índice de cobertura, que mostra o quanto de sobra existe para cobrir todas as obrigações do plano e que era de 1,85 em 2007, é agora de 1,4.

“Ninguém fica feliz de apresentar resultados negativos, mas levando em consideração essa crise inusitada e a impossibilidade de fazer mudanças bruscas no plano 1, acho que passamos por um teste bastante importante no ano passado”, disse o Rosa. Ele lembrou que no fim de 2002 a fundação tinha déficit e entre 2003 e 2007 acumulou ganhos que resultaram no superávit acumulado.

“Se este ano nosso resultado pode ter ficado abaixo da média [dos outros fundos], nos anos anteriores ficou muito acima e nos possibilitou ter este colchão, isso nos dá a convicção de que a direção da estratégia no longo prazo foi correta”, disse ele, ressaltando que o fundo acumulou na época das “vacas gordas” e poderá enfrentar melhor os tempos de “vacas magras”.

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