Sindicato quer o fim do “Big Brother” no Santander em Porto Alegre

O Sindicato dos Bancários de Porto Alegre (SindBancários) cobrou o fim da microbase na Superintendência Regional de Porto Alegre do Santander, durante a reunião do Comitê de Relações Trabalhistas, ocorrida no último dia 18, em São Paulo. A entidade também reivindicou a contratação de mais empregados, além de melhores condições de trabalho. O banco ficou de verificar a situação e dar uma resposta.

A microbase é uma sala com oito mesas, onde os gerentes das agências são obrigados a trabalhar pelo menos uma vez por semana para telefonar aos clientes e cumprir as metas abusivas do banco. Essa forma de organização do trabalho lembra o Big Brother Brasil, pois os gerentes são constantemente vigiados. “Tem alguém nos espiando”, denunciou um gerente.

É mais um controle de produção, somando-se às planilhas diárias e às reuniões constantes, provocando estresse, assédio moral e adoecimento. Vários empregados estão tomando medicamentos. “Sinto-me num campo de concentração”, reagiu um gerente.

Nos últimos meses, além de demissões, diversos funcionários pediram as contas na capital gaúcha. Houve cinco casos em fevereiro e nove em março, na sua maioria de mulheres. “Não agüentei a pressão do Santander”, explicou um deles. “A minha saúde vale mais”, desabafou outro.

O modelo implantado pelo ex-presidente Gabriel Jaramillo e conduzido pelo vice Pedro Coutinho tem que ser mudado. Não deu certo. Prova disso é que, apesar do empenho dos funcionários, os resultados do banco ficaram abaixo dos concorrentes.

Não é à toa que o presidente do ABN Real, Fabio Barbosa, vai comandar o Santander noBrasil. Jaramillo não é mais o presidente. Com 33.004 funcionários, o ABN Real lucrou R$ 2,974 bilhões em 2007. Já o Santander, mesmo com um quadro de 22.965 empregados, obteve um lucro de R$ 1,868 bilhão, quase a metade do banco recentemente adquirido. Isso mostra que não é reduzindo e explorando os funcionários que o lucro aumenta.

Bons resultados não se conquistam sob pressão nos trabalhadores. O tempo da escravidão já passou. O crescimento de uma empresa depende, e muito, da auto-estima e da valorização profissional dos seus empregados. Lições simples que o banco espanhol precisa aprender se quiser melhorar a sua imagem e crescer no mercado brasileiro.

Compartilhe:

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no telegram
Telegram