Seminário detalha livro sobre sistema financeiro e desenvolvimento no Brasil

O livro Sistema Financeiro e Desenvolvimento no Brasil (do Plano Real à crise financeira), lançado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, foi detalhado para centenas de pessoas que participaram de seminário sobre o tema nesta segunda-feira 10, no auditório do Novotel, na capital paulista.

Professores, economistas e especialistas que escreveram os artigos do livro – que é uma parceria entre Sindicato e Unicamp – apresentaram suas visões sobre o sistema financeiro e como ele pode de fato contribuir com o desenvolvimento do país.

A economista do Dieese e assessora do Sindicato, Ana Carolina Tosetti Davanço, falou sobre o capítulo que escreveu juntamente com a diretora do Sindicato, Ana Tércia Sanches. “Esse é um capítulo diferente, pois mostra a visão do trabalhador sobre o sistema financeiro”, explicou. Segundo ela, as práticas de gestão dos bancos têm penalizado os empregados, os terceirizados e clientes em detrimento dos ganhos econômicos dos acionistas e proprietários das instituições financeiras.

A professora de economia da Unicamp, Daniela Magalhães Prates, explicou que o Plano Real alterou a forma de rentabilidade dos bancos e resultou numa grande concentração bancaria. “Depois do Plano Real, tivemos um grande aumento da presença dos bancos estrangeiros e perda de participação dos bancos públicos até 2001. Até 2003, o crédito era escasso, porque emprestar dinheiro não dava retorno para os bancos. Só depois é que o crédito começou a crescer, quando as instituições financeiras criaram expectativas positivas com relação ao governo Lula e o cenário externo mudou”, conta.

Giuliano Contento de Oliveira, também economista do Unicamp, falou sobre o mercado de capitais, que pode financiar o desenvolvimento do país ou ajudar na valorização patrimonial e na concentração de renda. “No Brasil, esse mercado tem um baixo grau de investimento no desenvolvimento”, diz. Segundo ele, o mercado de capitais no Brasil é altamente seletivo, tem elevada dependência do capital estrangeiro, o mercado secundário é altamente concentrado, e o constrangimento financeiro é tão grande que empurra as empresas para o autofinanciamento.

Já a professora Maria Cristina Penido de Freitas afirma que o Banco Central geralmente atende as expectativas do mercado com relação à taxa básica de juros. “A regra é: a inflação subiu aumenta-se a Selic. Baixou a inflação, ela cai, mas não no mesmo ritmo. É um regime complicado, que impõe um ônus muito grande para a economia. Controlar inflação é importante, mas não deve ser a preocupação principal do BC na hora de mexer na taxa de juros. Tem de se pensar em índices sociais também, como a questão do desemprego”, disse Penido, declarando-se contra o regime de metas de inflação do BC.

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