Santander quer ampliar número de fundos com aplicação no exterior

Valor Econômico

O Santander Brasil pretende aumentar a quantidade de fundos de investimento com aplicações no exterior ou para estrangeiros. Atualmente, o banco tem sob gestão uma carteira total de aproximadamente R$ 130 bilhões, dos quais apenas R$ 1,3 bilhão, ou 1%, estão em operações internacionais.

A tarefa não será fácil, admite Luciane Ribeiro, diretora executiva da asset do Santander, visto que a conjuntura mundial não é tão favorável. “Os problemas na Grécia, no Japão e o aumento do IOF [Imposto sobre Operações Financeiras] nas aplicações de estrangeiros no Brasil complicam esses investimentos”, afirma. Uma das estratégias pode ser usar a estrutura internacional da asset do Santander, que tem carteiras que investem em várias regiões do mundo. “Posso criar um fundo aqui que compre cotas de outro do Santander que aplique em euro, por exemplo”, diz.

Se os mercados desenvolvidos vivem um momento difícil, os da América Latina vão bem. O grupo Santander, como um todo, tem na região um total sob gestão de cerca de ? 70 bilhões, dos quais ? 50 bilhões estão no Brasil. Com esse valor, o banco se destaca como o maior gestor de recursos internacional da América Latina. O Banco do Brasil tem mais recursos, mas concentrados no Brasil.

Luciane diz que a gestora vem tendo um crescimento discreto de patrimônio, pois não quer entrar na guerra de preços pelos clientes institucionais. “Alguns fundos de pensão propõem transferir seus recursos para nós mediante uma taxa de administração de 0,01%, o que não cobre nossos custos”, explica. “Não queremos aumentar o volume de dinheiro, mas aumentar nossa rentabilidade”.

Por isso, a estratégia de internacionalização ganha força para ampliar os volumes sob gestão. No Chile, por exemplo, o Santander Brasil mantém um fundo de investimento em ações de empresas com menor valor de mercado, as “small caps”. No México, a aposta é em fundos de títulos de renda fixa brasileiros para o private, a categoria de clientes com alta renda. O banco tem ainda dois fundos de papéis brasileiros distribuídos por parceiros no varejo japonês.

Luciane espera também contar com os serviços que o banco atualmente oferece no exterior, como as assets em Londres, na Espanha, em Portugal, na Alemanha e em Hong Kong. A ideia é oferecer investimentos brasileiros nesses mercados. Com essas ações, a empresa tenta recuperar as operações fora do Brasil que não foram incluídas na negociação com o ABN Amro Real. Na época, apenas as carteiras locais passaram a ser geridas pelo Santander. O restante ficou com o Fortis, que foi repassado para o BNP Paribas.

Uma das vantagens para oferecer ativos nacionais lá fora é a expectativa de muitos investimentos em infraestrutura por conta da Copa do Mundo e da Olimpíada. O Brasil continua sendo, porém, um mercado muito importante para a asset do Santander. Hoje, 35% dos ativos da gestora do grupo espanhol estão concentrados no país.

No mercado brasileiro, a dificuldade está no cenário ruim para a bolsa neste ano, o que afasta os investidores do risco. A alternativa encontrada pelo banco é focar mais em fundos estruturados ou de capital protegido.

A diretora do Santander afirma que mais de 50% do mercado nesse segmento pertence ao grupo, o que o torna líder. “Estamos sempre buscando alternativas para montar esses fundos, temos carteiras baseadas em commodities, moedas e ouro”, diz Luciana, destacando, porém, que a maior parcela ainda é de fundos de capital protegido em bolsa. “Conseguimos montar estruturas nas quais o investidor ganha tanto com a alta quanto com a baixa do Índice Bovespa”, diz.

Fazer um esforço para aumentar a oferta de produtos atrelados ao crédito privado nas carteiras dos fundos é outra estratégia da gestora, de acordo com Luciane. Esses papéis ajudaram a melhorar a rentabilidade das carteiras de renda fixa da casa.

Ela não vê a economia dando sinais de desaquecimento e, se a alta do Produto Interno Bruto (PIB) mostra uma desaceleração em relação ao ano passado, a curva de dinheiro oferecido pelos bancos em empréstimos “ao menos se mantém”, diz. Isso faz com que as instituições continuem pagando boas taxas aos investidores para captar via CDBs ou Letras Financeiras. Do patrimônio total de fundos de renda fixa do Santander, 35%, o limite máximo permitido, está concentrado em papéis privados.

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