Reunião com Fenabam de igualdade de oportunidades não obtém avanços

Encontrou discutiu cargos e salários e campanha sobre assédio sexual

A Contraf-CUT e a Fenabam retomaram, na quarta-feira (15), as negociações da mesa temática de igualdade de oportunidades para discutir a disponibilização de um plano de cargos e salários e a formação de um grupo de trabalho para a campanha nacional contra o assédio sexual nos bancos. Também foi abordada no encontro a proposta de um novo formato de mesa para o tema igualdade e oportunidades, com a participação de intelectuais e especialistas.

Participaram da reunião os secretários da Contraf-CUT Fabiano da Silva Junior, de Políticas Sociais; Elaine Cutis, da Mulher; e Almir Aguiar, de Combate ao Racismo; e os representantes do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Neiva Ribeiro; da Fetec-SP, Crislaine Bertazzi; da Fetec-PR, Neil Emídio Junior; e da Fetraf-Rio, Iracini da Veiga. No encontro, estavam representantes do Bradesco, Itaú, Banco do Brasil, Santander, HSBC e Safra.

Sobre os cargos e salários, os bancos alegaram não poder disponibilizar os planos porque cada instituição bancária possuiria um diferente. E afirmaram que os trabalhadores já teriam acesso hoje aos planos. Os dirigentes sindicais, no entanto, insistiram na necessidade de apresentação do plano e os bancos mantiveram a negativa.

Diante do pedido de formação de um grupo de trabalho para a campanha sobre assédio sexual, os representantes dos bancos pediram para suspender por um tempo a reunião. Ao retornarem, voltaram a apresentar os mesmos argumentos, de uma reunião anterior, de que precisariam de mais um pouco de tempo para analisar o caso e dar a resposta sobre uma campanha conjunta com o movimento sindical, estabelecendo como prazo indicativo o período de início da campanha salarial. Sobre o novo formato de mesa de igualdade de oportunidades, informaram que, após análise, chegaram à conclusão de que deveria ser mantida a mesma forma atual.

Para o secretário da Contraf Fabiano da Silva Junior, “embora a reunião e o debate tenha sido longo, aprofundado e exaustivo, do ponto de vista do resultado foi ruim, pelo fato de os bancos não terem demonstrado nenhum avanço objetivo em relação às questões debatidas e colocadas”. E concluiu: “Entendo que precisamos buscar meios e formas de avançarmos nas nossas demandas para que possamos continuar diminuindo a desigualdade e a discriminação que existe hoje no sistema financeiro contra os negros e negras, mulheres, deficientes e os grupos LGBT”.

A secretária de Mulheres da Contraf-CUT, Elaine Cutis, considerou lamentável a decisão dos bancos de recusar o formato de mesa com a participação de especialistas no debate. “É evidente que temos um olhar diferente sobre as desigualdades. Essa medida poderia ajudar a ampliar a reflexão na busca de um caminho para corrigir as distorções apontadas no censo”, afirmou. “E os bancos não apresentaram mecanismos que provem, de fato, que estejam buscando corrigir essa situação”.

Também foi ressaltado na reunião a situação que enfrentam as mulheres e pessoas com deficiência, raramente contempladas nas promoções para os cargos de melhores salários. O censo aponta que somente 3,6% do total de bancários no País são pessoas com deficiência, número ainda inferior ao estipulado por lei.

RACISMO

O secretário da Contraf Almir Aguiar disse que os representantes da Fenaban mais uma vez negaram sistematicamente a apresentação dos dados brutos do censo sobre a categoria bancária. “Eles alegam que subiu o percentual de negros na categoria, já que o primeiro censo indicava o percentual de 18% e teria ido para 24% no segundo censo. Mas a realidade da mostra indica que os bancários de pele preta são apena 2,3%”, observou Almir.

De acordo com o dirigente da Contraf, as mulheres negras, que apareciam discretamente no primeiro censo, sumiram no segundo. “Isso mostra que teremos uma luta árdua pela frente para acabar com essa discriminação na categoria bancária e adequar a nossa realidade. Segundo o IBGE, em julho de 2014, a população brasileira era de 202,7 milhões de habitantes, das quais, 53% é composta de negros”, acentuou Almir Aguiar.

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