Remuneração de executivos opõe HSBC a seus investidores

Financial Times (Publicado no Valor Econômico)
Kate Burgess

O HSBC está em rota de colisão com alguns de seus maiores investidores em torno de planos para aumentar os salários dos seus executivos mais graduados no conselho de administração em 30% ou mais.

O banco iniciou consultas com seus investidores mais importantes sobre planos de conceder a Michael Geoghegan, o executivo-chefe, um aumento salarial de aproximadamente 35% em 2010.

O salário base de Geoghegan – sobre o qual todos os seus demais prêmios são calculados – foi de 1,07 milhão de libras esterlinas (US$ 1,6 milhão) em 2008 e permaneceu congelado no ano passado. O salário do diretor de Finanças, Douglas Flint, foi de 700 mil libras esterlinas em 2008 e também foi congelado em 2009. Sua base aumentará em pouco menos de 30% em 2010.

A remuneração de Geoghegan se compara com o salário de 1,1 milhão de libras esterlinas recebido em 2008 por John Varley, executivo-chefe do Barclays, seu maior rival do Reino Unido. Chris Lucas, diretor financeiro do Barclays, recebeu 638 mil libras esterlinas em 2008. Stephen Green, o presidente do conselho de administração, que no mês passado fez duras críticas contra o nível inflado e a estrutura distorcida das gratificações nos bancos, não receberá aumento salarial.

Os investidores estão cada vez mais sensíveis a planos de remuneração corporativos, depois que órgãos reguladores e líderes políticos os instaram a ser melhores “condutores” e a assegurar que os conselhos de administração prestem contas sobre remuneração dos executivos.

“Os investidores tendem a dirigir perguntas inquisitivas ao HSBC, tendo em vista o tamanho do aumento concedido aos mais altos executivos do banco no clima atual”, diz o chefe de um grupo de investidores, que acrescentou que os acionistas não poderão votar sobre o aumento nos salários-base.

O HSBC, que no ano passado captou 13,5 bilhões de libras esterlinas no que à época foi considerada a maior emissão de direitos do mundo, disse que os aumentos salariais foram concebidos para refletir uma mudança nas responsabilidades de Geoghegan e Flint.

Geoghegan transferiu no ano passado sua base para o regime de baixa tributação de Hong Kong. Flint assumiu responsabilidades adicionais no conselho de administração, passando a responder pela área de conformidade às normas, regulação e risco.

Vários investidores destacados do Reino Unido disseram que estão apreensivos porque um aumento de até 40% nos salários dos diretores poderá elevar não só a remuneração total neste ano, mas também a remuneração futura. A maioria dos itens particulares da remuneração é calculada como múltiplos do salários-base.

Erik Breen, encarregado de investimento responsável na Robeco na Holanda, que criticou os planos de remuneração da Shell no ano passado, disse ontem: “Um aumento nos salários deveria ser acompanhado por uma redução no elemento variável da remuneração”.

Em nota, o HSBC respondeu: “É importante ressaltar que o HSBC não se apropriou de nenhum dinheiro do contribuinte e que temos sido lucrativos, geramos capital, pagamos dividendos e continuamos completamente abertos para negócios durante toda a crise”.

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