Redes sindicais de bancos internacionais aprovam plano de lutas para 2011

Terminou nesta quarta-feira (15) a 6ª Reunião Conjunta das Redes Sindicais de Bancos Internacionais, em Buenos Aires, com a aprovação de um plano de lutas para o primeiro semestre de 2011, buscando romper barreiras e obter conquistas para os bancários do Santander, HSBC, Itaú, Banco do Brasil e BBVA. O evento foi aberto na terça-feira (14), com a presença do presidente da Contraf-CUT e da UNI Américas Finanças, Carlos Cordeiro, e do presidente da UNI Américas, Raul Requeña.

Participaram exatamente 100 dirigentes sindicais do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile, Colômbia, Peru, Estados Unidos, Guatemala, Costa Rica, Trinidad y Tobago e Espanha.

Do Brasil, estiveram presentes diretores da Contraf-CUT, federações e sindicatos de bancários, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Salvador, Mato Grosso e Campinas. Também compareceram dirigentes da Contec. A reunião foi coordenada pela UNI Américas e Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS), com o apoio da Associação dos Bancários da Argentina (La Bancaria-CGT).

“Além do plano de lutas, o grande salto de qualidade foram as reuniões que tivemos com os bancos, exceto o Santander, apesar da tentativa que fizemos. BB, Itaú, HSBC e BBVA se reuniram com as redes sindicais das Américas, ouviram as reivindicações e dialogaram com os trabalhadores. Esperamos que esse passo contribua na luta pela igualdade de direitos e conquistas”, avaliou Ricardo Jacques, secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT.

Itaú

Os dirigentes sindicais fizeram um diagnóstico da situação dos trabalhadores do Itaú no Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai. Há muitas diferenças em relação aos direitos e conquistas dos bancários em cada um dos países. E sobram problemas envolvendo demissões, terceirização, metas abusivas, distorções salariais, distribuição dos lucros e condições precárias de trabalho, dentre outros.

Foi definido fazer uma investigação sobre a realidade dos bancários, a ser publicada em abril de 2011. Serão organizadas campanhas conjuntas, visando a valorização dos bancários, “menos metas, mais saúde’, sindicalização permanente, cumprimento da jornada de trabalho e denúncia imediata de todas as práticas antissindicais.

HSBC

Os dirigentes sindicais apresentaram informações a respeito das condições de trabalho, direitos, organização sindical e legislação nos países, cujos elementos serão incorporadas ao banco de dados que está sendo sistematizado pelo Dieese. Foram destacados temas como horário de atendimento ao público, jornada de trabalho e terceirização.

Ficou evidente que o HSBC busca ter o mesmo perfil de atuação nos países do Mercosul, isto é, clientes de alta renda e pessoas jurídicas/grandes empresas (corporate).

O modelo de negociação coletiva junto ao banco também é diverso, sendo que os casos do Brasil e Uruguai são bastante similares. Já no Paraguai a negociação é por empresa. No Chile não há negociação coletiva e sim o banco realiza negociações individuais. Na maioria dos países não há controle efetivo da jornada de trabalho, sendo a extrapolação da jornada um grande problema.

Foi aprovado organizar um canal de comunicação permanente entre as estruturas e os dirigentes sindicais, através da criação de blog ou site, cuja definição deve ocorrer até março de 2011. Em relação à terceirização, será intensificado o processo de investigação sobre o tema.

Também será enviada uma carta ao diretor de Relações Sindicais e RH para a América Latina, João Rached, relatando o baixo nível de efetividade das negociações com o movimento sindical e o nível de problemas que estão a afligir os funcionários, com graves impactos para os trabalhadores e que no dia-a-dia parecem ser ignorados pela alta cúpula do banco, uma vez que nada é realizado para resolver os problemas. Haverá também pedido de negociação com Rached.

Ainda foi acertado fazer uma campanha de valorização dos funcionários, como o objetivo de dialogar sobre as questões laborais, mas com repercussão na auto-estima dos funcionários, que se encontra em baixa. O lançamento deverá ocorrer na mesma data, com jornal conjunto nos diversos países, em março de 2011

Nesta quarta-feira, os bancários se reuniram com o gerente de Riscos e Relações Laborais do HSBC na Argentina, Alejandro Ortiz Quintero. Foi tratado prioritariamente da importância de firmar um Acordo Marco Global com o banco inglês.

A iniciativa foi importante porque demonstrou a unidade dos bancários das Américas. Os dirigentes sindicais repudiaram fortemente todas as formas e tentativas do HSBC de implantar sistemas de vigilância e policiamento sobre os funcionários, como o procedimento implementado na Colômbia, através de termos individuais de responsabilização por operações financeiras realizadas, comprometendo inclusive o patrimônio pessoal.

Banco do Brasil

Após debate sobre a situação precária dos bancários do Paraguai, ficou definido que a Contraf-CUT ficará responsável por elaborar a denúncia ao Ponto de Contato Nacional da OCDE, no Brasil, até fevereiro de 2011. Também será remetida denúncia por prática antissindical do BB no Paraguai junto à OIT.

As questões relativas às relações internacionais devem passar a ser debatidas na mesa de negociação permanente existente entre o BB e a Contraf-CUT.

Considerando que no ámbito do Mercosul são debatidos diversos protocolos e documentos, a UNI Américas Finanças deve buscar utilizar e participar dos fóruns do Mercosul para apresentar e debater os problemas relativos ao movimento sindical dos bancários e a atuação dos bancos na região.

As entidades envolvidas deverão buscar medidas também no campo das representações diplomáticas do Brasil, quando da necessidade de resolver problemas com o BB. Foi ainda decidido criar a “Comissão de Empresa” no ámbito das redes internacionais.

Santander

Os dirigentes sindicais avaliaram a situação dos bancários do Santander, a partir de um levantamento provisório acerca dos direitos e conquistas em cada país, o que revela e existência de muitas diferenças. O entendimento é que essa realidade precisa mudar, sobretodo neste momento em que praticamente a metade do lucro mundial é produzida pelos trabalhadores das Américas.

Foi definido o lançamento de uma campanha nas Américas, na primeira quinzena de fevereiro, aproveitando o início da Copa Santander Libertadores, buscando abrir negociações com o banco espanhol para discutir um acordo no continente americano, a exemplo da carta de princípios firmada com os bancários do Comitê Europeu.

Uma correspondência será enviada nos próximos dias ao Santander pela UNI Américas Finanças, com o apoio das entidades sindicais dos países, pedindo uma negociação para dialogar sobre a construção desse acordo regional. A intenção é garantir direito à sindicalização, negociação coletiva e fim das práticas antissindicais, dentre outros itens.

Nesta quarta-feira, dirigentes sindicais de vários países foram até o Santander Río, na Praça de Maio, imediações da Casa Rosada, onde foram recebidos para uma visita de cortesía pelo gerente de Recursos Humanos. O banco se recusou a agendar uma negociação, ao contrário dos demais bancos internacionais.

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