Rabobank, da Holanda, adquire 30% do Banco Cooperativo Sicredi

Valor Econômico
Sérgio Bueno, de Porto Alegre

Depois de dois anos de negociações, o Sicredi, que reúne 128 cooperativas de crédito em dez Estados brasileiros, acertou a venda de 30% do Banco Cooperativo Sicredi para o Rabo Financial Institutions Development (RD), braço de desenvolvimento do holandês Rabobank.

A operação será formalmente submetida ao Banco Central até o fim deste mês e faz parte de “parceria estratégica de longo prazo” entre as duas instituições, disse ontem o presidente executivo do sistema Sicredi, Ademar Schardong.

O montante envolvido no negócio não foi revelado, mas Schardong explicou que o acerto foi firmado tomando como base o valor patrimonial do banco brasileiro, que prevê encerrar o ano com patrimônio líquido de aproximadamente R$ 350 milhões.

Segundo o executivo, os recursos injetados pelo sócio holandês permitirão ao banco alavancar mais R$ 1 bilhão em operações de crédito, que somavam R$ 4,1 bilhões em março e devem alcançar R$ 6 bilhões no fim de 2010.

O Banco Cooperativo Sicredi foi criado em 1995 para permitir o acesso das cooperativas ao mercado financeiro e aos programas oficiais de financiamento. Em março, a instituição detinha R$ 8,2 bilhões em ativos totais e R$ 5,3 bilhões em depósitos.

Incluindo as cooperativas individuais, em abril os ativos somavam R$ 19 bilhões e a carteira de crédito, R$ 10,5 bilhões, enquanto o patrimônio líquido era de R$ 2,4 bilhões. Segundo Schardong, a previsão é que o estoque de empréstimos do sistema chegue a R$ 13 bilhões no fim do ano.

Conforme o executivo, a parceria com os holandeses permitirá desenvolver produtos que ainda não fazem parte do portfólio do Banco Sicredi, como financiamento imobiliário, leasing e linhas para a agricultura empresarial de grande porte, já que hoje o sistema é focado nos pequenos e médios produtores rurais e empresários urbanos. Na Holanda, conforme Schardong, o Rabobank detém 84% do mercado de crédito rural e 30% dos financiamentos imobiliários.

A ideia do Banco Sicredi é colocar os novos produtos no mercado em no máximo três anos e, ao mesmo tempo, lançar mão de novas formas de captação. Entre as possibilidades estão desde a emissão de bônus até a tomada de linhas de financiamento institucionais, explicou Schardong.

Com o acordo, o banco brasileiro vai criar uma diretoria de “corporate”, que será ocupada por um representante do sócio holandês.

O Rabobank também terá direito a um assento no conselho de administração da Sicredi Participações, holding constituída no ano passado para consolidar os números de todo o sistema, incluindo as cooperativas individuais, o banco, as administradoras de cartões de crédito e de consórcios e a corretora de seguros. Conforme Schardong, a intenção é divulgar em 2011 o primeiro balanço consolidado, relativo ao exercício de 2010.

O sistema Sicredi tem hoje 1,6 milhão de associados e prevê chegar a 1,8 milhão no fim do ano. Todos têm acesso aos serviços do banco, que opera no varejo por intermédio dos 1.129 pontos de atendimento (as “agências” do sistema de crédito cooperativo) das cooperativas vinculadas.

Segundo o Sicredi, o sócio holandês também vai manter suas próprias operações no país de forma independente. Elas incluem o Rabobank Brasil, que tem 14 agências em oito Estados e é focado no atendimento a produtores rurais e grandes empresas agroindustriais.

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