Protestos em Porto Alegre e em São Paulo contra venda de ações do Banrisul

(Porto Alegre) A promessa de campanha da governadora Yeda Crusius, de que não iria vender o Banrisul, foi enterrada na manhã desta terça-feira, em Porto Alegre. Com um caixão e uma boneca, o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (Seeb-PoA), Federação dos Bancários RS (Feeb-RS), Contraf-CUT, deputados que integram a Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul, CUT e sindicatos de outras categorias simbolizaram o enterro político do atual governo. A boneca acabou queimada. Em São Paulo, a manifestação foi em frente à Bovespa, com vaias a Yeda. Na sexta-feira, dia 3, já está marcado para as 16h um abraço ao edifício-sede do Banrisul contra a privatização.

O ato teve cortejo fúnebre e culminou com a “cremação” das promessas que não foram cumpridas, em frente ao edifício-sede do banco. A manifestação ocorreu justamente no momento em que a governadora batia o martelo na Bolsa de Valores do Estado de São Paulo, em São Paulo, para lançar as ações do banco para investidores privados.

Para o Seeb-PoA, a venda de papéis deflagra a privatização do banco. “O banco perderá seu caráter público a partir do momento que vai atender aos interesses dos investidores”, adverte o presidente do Seeb-PoA, Juberlei Baes Bacelo. Segundo ele, a mobilização será redobrada a partir de agora, com o início de uma nova batalha para aprovar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) e o substitutivo, iniciativas em defesa do Banrisul público e forte. “O que aconteceu foi uma traição, pois a capitalização representa a perda do caráter social do banco”, reforça o secretário geral do Sindicato, Fábio Alves.

A PEC citada condiciona a venda superior a 5% das ações do Banrisul à aprovação por maioria absoluta da Assembléia Legislativa. O Seeb-PoA defende também a aprovação pelos parlamentares de um substitutivo que dispensa a venda de ações do banco e destina 50% dos dividendos do banco, que são destinados hoje ao Estado (como acionista majoritário), para fundos previdenciários e por tempo indeterminado. A proposta do governo destina o valor em 84 parcelas.

Ato na Bovespa

Também houve concentração em frente à Bovespa, com a presença de mais de 200 bancários de todo o País, lideranças sindicais de diversos estados e diretores do Seeb-PoA e Feeb-RS. Enquanto a direção do Banrisul e secretários de Estado entravam no prédio da Bovespa, a governadora Yeda Crusius cruzou pela porta dos fundos, evitando os manifestantes. A categoria entregou carta aberta à população denunciando o processo, enquanto gritava palavras de ordens como “Yeda mentirosa, falsa e perigosa”.

Faixas espalhadas pelo local defendiam que as ações não fossem vendidas, e dirigentes sindicais de outros bancos públicos remanescentes e de instituições que foram vendidas deram seu depoimento e denunciaram a política privatista. “O ato se tornou um grito em defesa e fortalecimento dos bancos públicos”, destaca o diretor de comunicação do Seeb-PoA, Ademir Wiederkehr, que participou da manifestação em São Paulo.

O Sindicato alerta para o fato de o lançamento na Bovespa ocorrer justamente no período de recesso parlamentar da Assembléia Legislativa, o que impede que haja debate com os deputados e a apreciação da PEC e do substitutivo pelos parlamentares. O ato foi coordenado pelo presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino e encerrado com o Hino Riograndense. “A resposta aos gestores do Banrisul e ao governo do Estado foi dada à altura, mostrando a tradicição de luta dos gaúchos”, destaca o diretor da Feeb-RS e do Seeb-PoA, Amaro Souza.

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