Perfil da mulher bancária expõe desigualdades no sistema financeiro

Nesta terça-feira (8), o Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região (SindBan) apresentou o tradicional Perfil da Mulher Bancária. Os números divulgados comprovaram que, mesmo sendo maioria, mulheres sofrem com a falta de oportunidades dentro do sistema financeiro e esse abismo é ainda maior em relação às mulheres negras, que não chegam a 1% dentro da categoria. Dos 1356 bancários entrevistados, 56,27% são mulheres.

O Perfil foi realizado de 28 de dezembro de 2015 a 29 de janeiro deste ano, em 144 agências de bancos públicos e privados de 20 cidades da base territorial do sindicato – Piracicaba, Águas de São Pedro, Charqueada, Santa Maria da Serra, São Pedro, Saltinho, Rio das Pedras, Rafard, Capivari, Pereiras, Jumirim, Laranjal Paulista, Tietê, Cerquilho, Bofete, Anhembi, Pardinho, Porangaba, Santa Bárbara d`Oeste e Conchas.

Mais uma vez o cenário que se desenhou foi a predominância masculina nos altos cargos. Mesmo mais escolarizadas, cerca de 60% possuem curso superior, o número de mulheres que ocupam cargo de gerente geral vem diminuindo nos últimos três anos. Em 2016, nem 4% das mulheres ocupam o mais alto cargo dentro da agência (3,93%), enquanto os homens representam 9,11%, diferença de 231%.

Essa desigual oportunidade reflete nas faixas salariais. Enquanto 4,22% dos homens recebem mais de 13 mil reais, nem 2% das mulheres (1,31%) recebem esse valor, uma diferença de 322%.

Segundo o presidente do SindBan, José Antonio Fernandes Paiva, o perfil busca entender a realidade dos bancários e auxiliar na estratégia de combate às  questões que atingem à categoria. “Sempre que é feito um diagnostico, há maior precisão das ações. Foram mais de 1300 entrevistados, número bastante alto do ponto de vista técnico, a margem de erro foi extremamente pequena e reforçou, mais uma vez, a desigualdade dentro do sistema financeiro.”

Paiva pontua que os dados remetem a discussões com a categoria e o setor patronal para tentar minimizar cada vez essa diferenciação, às vezes discriminação e desigualdade, no tratamento à mulher no mercado financeiro.

Ações do sindicato – No que se refere ao assédio sexual, a pesquisa demonstrou uma diminuição de cerca de 50% em relação a 2015. Já o assédio moral diminuiu 6%. No caso da discriminação racial, a queda em relação ao ano anterior foi de 31,44%. Discriminação sexual diminuiu 2,48%.

Uma das ações que contribuiu para essa diminuição foi a distribuição de cartilha de combate ao assédio sexual, que mostra, de maneira didática, a definição e como se dá essa forma de violência, especialmente contra as mulheres, maiores vítimas dessa prática no trabalho. 

“Esses números são resultados das ações do sindicato ano passado. Eles mostram que estamos no caminho certo, mas o nosso desejo é que não houvesse mulheres assediadas e discriminadas. Não mediremos esforços para que isso seja uma realidade dentro do sistema financeiro”, compromete-se o presidente dos bancários.

Semana da Mulher 2016 – A apresentação do Perfil da Mulher Bancária faz parte da programação da Semana da Mulher, promovida há oito anos pelo SindBan em conjunto com o mandato do vereador José Antonio Fernandes Paiva (PT), e traz como tema: ‘Empodere-se, Mulher!’, cuja proposta busca enaltecer o papel da mulher na sociedade brasileira e no contexto mundial. A programação vai até a próxima sexta-feira (11).

 

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