Para Contraf-CUT, é preciso abolir a discriminação racial nos bancos

Bancários lembram 13 de maio e reforçam luta por igualdade de oportunidades

Em pleno século 21, os bancários ainda sofrem no cotidiano diversas formas de discriminação no Brasil. Entre elas se encontram aquelas institucionalizados nos bancos, que perpetuam modelos de desigualdades e exclusão. São as discriminações indiretas observadas na contratação de pessoas negras, com menor remuneração e ascensão profissional diferenciada se comparadas com os brancos.

“Os bancos, que se dizem modernos e comprometidos com a responsabilidade social, deveriam enfrentar essa realidade vergonhosa, adotando medidas específicas e eficazes de inclusão e integração racial e social”, denuncia Andrea Vasconcellos, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT.

Para ela, as políticas de ações afirmativas são instrumentos essenciais para resolver problemas históricos de distorções salariais, desigualdades, exclusão e segregação no sistema financeiro.

13 de maio

A Contraf-CUT orienta a realização de atividades de luta contra o racismo, aproveitando a passagem do dia 13 de maio, data da abolição da escravatura, sob o mote “Vamos abolir a discriminação e promover a inclusão: Por mais contratações de negros e negras”.

Um novo material específico alusivo ao 13 de maio foi disponibilizado pela Contraf-CUT aos sindicatos e federações, na seção de download na área restrita deste site, visando a distribuição aos bancários.

Clique aqui para ler o material da Contraf-CUT.

As atividades dão continuidade ao processo de mobilização definido durante o 1º Fórum sobre Invisibilidade Negra no Sistema Financeiro, realizado pela Contraf-CUT em novembro de 2011, em Salvador. As entidades presentes ao evento firmaram uma carta compromisso para reforçar o combate à discriminação racial.

“É necessário que o movimento sindical continue engajado, principalmente fazendo atividades e reflexões em datas como esta, pois ainda falta muito para abolir de vez a exclusão em que vive essa parcela importante da população brasileira”, afirma Deise Recoaro, secretária de Mulheres da Contraf-CUT.

Abolição da escravatura sem inclusão social dos negros

A data lembra a assinatura da Lei Áurea em 1888 (125 anos atrás), que aboliu formalmente a escravidão de negros e negras no Brasil. Porém, não eliminou os preconceitos e as discriminações entre homens e mulheres, entre brancos e não brancos.

“Por essa razão, o dia 13 de maio se configura como um momento importante para reflexão, denúncia, mobilização e luta contra todas as formas de manifestações de racismo”, salienta Andrea.

Discriminação nos bancos

A discriminação é bastante visível quando se observa a composição dos altos cargos nos bancos, como diretorias, conselhos de administração e superintendências, bem como nos demais níveis hierárquicos e de composição do quadro de funcionários, como operacional, técnico gerencial e administrativo.

Um exemplo é o conselho do Banco do Brasil, que tem 35 homens e nenhuma mulher. Destes, 31 são brancos, um amarelo, um pardo e duas pessoas não informaram sua raça, conforme relatório de sustentabilidade do banco.

Há 2.623 pessoas negras no BB, apenas 2,3% dos funcionários. Quando somamos negros, pardos e índios, o número é de 22.862 trabalhadores, significando 20,08% do quadro, o que expressa uma baixa participação ao considerarmos o total de 113.810 trabalhadores da instituição.

Se nos bancos públicos, onde a contratação acontece via concurso público, a presença de negros e de negras é tímida, nos bancos privados a realidade é bem pior. “É necessário revelar a cor da exclusão no sistema financeiro e dar um basta à desigualdade racial ainda presente nos bancos públicos e privados com a implantação de ações afirmativas de inclusão”, ressalta Andrea.

Outra face da moeda: preconceito e racismo

No Brasil, banqueiros são como castas “intocáveis” e “superiores”. Eles são, na sua ampla maioria, homens e brancos e mantêm uma estrutura de poder social e racial utilizada para definir lugares de poder e privilégios.

A realidade permite observar que não há igualdade de oportunidades, de tratamento e de direitos entre brancos e negros no sistema financeiro.

“Os altos lucros comprovam que os bancos têm condições financeiras para implantar programas de inclusão e demonstrar na prática a responsabilidade social que tanto apregoam nos seus relatórios”, enfatiza Andrea. “Mas o que os banqueiros fazem é manter as desigualdades, além de praticar a rotatividade e demitir milhares de trabalhadores, agindo na contramão do crescimento com desenvolvimento econômico e social do país”, aponta.

Injustiças

O sistema financeiro fere o princípio da igualdade diariamente. Executivo de bancos recebem milhões de reais em bônus e participação nos lucros, enquanto um funcionário de atendimento ganha uma PLR em torno de R$ 6 mil.

“Esse abismo que separa a remuneração do alto escalão e dos trabalhadores da rede de agências é apenas um exemplo da absurda concentração de renda, que é totalmente injusta, descabida e intolerável”, protesta a diretora da Contraf-CUT.

2º Censo da Diversidade

Na última reunião da Mesa Temática de Igualdade de Oportunidades com a Fenaban, ocorrida no dia 27 de março, em São Paulo, ficou definido o planejamento do 2º Censo da Diversidade, que deverá ser executado em 2014, conforme foi conquistado na Campanha Nacional dos Bancários de 2012.

“Conseguimos garantir a participação do movimento sindical em todo o processo de construção do 2º Censo, desde a elaboração dos questionários, acompanhamento e divulgação dos resultados. Essa era uma reivindicação antiga para garantir transparência em todo processo”, destaca Andrea.

Para ela, “o levantamento será um importante diagnóstico sobre a cara da desigualdade no sistema financeiro, estimulando novas ações de inclusão contra todas as formas de discriminação, racismo e preconceito que contrastam com a alta rentabilidade e os lucros abundantes do sistema financeiro no Brasil”, conclui a dirigente da Contraf-CUT.

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