Os bancos brasileiros fecharam 2.535 postos de trabalho no Brasil no primeiro bimestre

No primeiro bimestre de 2017, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), os bancos brasileiros fecharam 2.535 postos de trabalho no Brasil. Esse saldo representa um crescimento de 223,75% em relação ao mesmo período de 2016, quando o saldo foi negativo em 783 postos de trabalho bancário. Os estados com mais postos fechados foram São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro. A análise por setor de atividade econômica demonstra que os “Bancos múltiplos, com carteira comercial”, CNAE que engloba grandes instituições como Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil, foram os principais responsáveis pelo saldo negativo, mas, a Caixa também apresentou saldo negativo relevante, como resultado inicial do Plano de Desligamento Voluntário Extraordinário (PDVE), anunciado pelo banco em 07 de fevereiro de 2017.

Clique aqui e veja a pesquisa na íntegra.

Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT, aponta duas causas conjunturais para esta aceleração das demissões: a crescente digitalização da atividade bancária e a grande expectativa da Fenaban em aprovar leis de terceirização e outras formas de flexibilização das leis trabalhistas. “O Saldo de empregos no setor bancário é o balanço feito mensalmente pela Contraf-CUT e pelo Dieese verificando a diferença ente as contratações e as demissões. Analisamos as concentrações em faixas de idade, sexo, postos de trabalho e salários para buscar causas e elementos para negociação e pressão sindical”, explicou.

A situação é ainda mais preocupante se lembrarmos dos números de redução dos últimos quatro anos. Em 2013, foram 4,329 postos de trabalho; em 2014, 5004; em 2015, 9886, e, em 2016, 20,553. “Nos últimos quatro anos temos observado com preocupação a tendência de redução crescente de postos de trabalho bancário. A partir de 2014, o número de demissões e redução de postos de trabalho vem aumentando com velocidade.  Os bancos demitem e não contratam outro no lugar. Isto pode ser atribuído, com toda certeza a um rearranjo do mercado de trabalho bancário: os bancos estão fechando agências físicas e abrindo agências digitais, seguindo uma tendência de mudança no perfil dos clientes de bancos que utilizam cada vez mais meios eletrônicos para operar com o sistema financeiro. Mas também pode ser atribuído aos projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional que podem vir a permitir terceirização de mão de obra, trabalho parcial, flexibilização de direitos e da legislação trabalhista, que permitiria substituir grande parte da mão de obra contratada direta e formalmente, por outros meios mais baratos de contratar”, afirmou o presidente da Contraf-CUT.

Para ele, esta é uma notícia ruim para os bancários, principalmente porque existe uma crise econômica de competência no Brasil, dificultando a recolocação dos demitidos em outros bancos ou setores da economia. “A notícia é piorada pela constatação de nossa pesquisa de que as contratações estão concentradas em jovens até 24 anos (48%) e que as demissões atingem fortemente trabalhadores na faixa de idade entre 50 a 64 anos (29%). Num cenário onde se discute no Congresso o aumento do tempo de contribuição combinado com uma elevada idade mínima para a aposentadoria vai impedir muitos bancários de se aposentar“, completou.

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