Negociação sobre GEP Carreira no BNDES aponta para retrocessos

Sexta rodada de debates com o banco foi mais do que frustrante

Após 45 dias do último dia do prazo repactuado de 16 de fevereiro para a conclusão das negociações sobre a implantação do GEP Carreira entre o BNDES e a Contraf-CUT, Sindicato dos Bancários dos Rio de Janeiro e a Comissão de Negociação dos Funcionários, ocorreu na quinta-feira (27) a sexta rodada de debates, que não só foi frustrante, como apontou para grandes retrocessos no processo negocial.

A negociação aconteceu após a solicitação feita pelas entidades sindicais e representativas dos funcionários, durante a audiência concedida no último dia 18 pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho. O diálogo estava suspenso há quase um mês, por conta de indefinições por parte da diretoria do banco.

“Apesar de percebermos empenho e boa vontade por parte do presidente do BNDES, isso não foi suficiente para a materialização de boas propostas na mesa de negociação”, afirma Miguel Pereira, secretário de Organização da Contraf-CUT.

“Agora, no apagar das luzes, aparecem questões novas ao processo, que se estende desde 2011. Questões que alteram bastante toda a filosofia e a lógica de um plano de carreira, como também fogem aos termos do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2013/2014, que estabeleceu como a base conceitual para as negociações da GEP Carreira a apresentação feita pela ARH em novembro do ano passado”, critica Miguel.

Na reunião foram abordados três aspectos relevantes para a conclusão dos debates, ainda que dois deles de forma parcial e especulativa:

1) o banco negou a reivindicação apresentada para a retomada da proposta original constante da apresentação de novembro de 2013 para o segmento NM (Nível Médio). Em 19 de fevereiro deste ano, a ARH apresentou alterações profundas determinadas pela diretoria do banco, alterando substancialmente o processo de encarreiramento, não mais extinguindo o cargo de secretário de área;

2) o BNDES nada respondeu sobre os reflexos do novo PCS na Fapes, pois a diretoria do banco ainda não se definiu, mas com forte inclinação para decidir pelo não recolhimento ao fundo de pensão da parcelada gratificação de senioridade;

3) estabelecimento de novas cotas para promoções: além dos procedimentos de avaliação já previstos na proposta GEP Carreira, o banco informou que estaria estudando proposta de definição de novas regras quantitativas para serem observadas anualmente. Indagada, a ARH confirmou que produziu estudos sobre a medida a pedido da Diretoria.

Para o diretor da Contraf-CUT, mesmo com a retomada da mesa, a reunião foi inconclusa e o banco trouxe questões que representam grandes retrocessos.

“As entidades registraram o descontentamento e que, se persistirem essas questões, as dificuldades para aprovação do plano aumentarão e muito”, alerta.

“Quem está contra a implantação do novo plano de carreira? Será que tem alguém com medo de perder algum tipo de poder quase feudal para estabelecer uma hierarquia de verticalidade, ou que com uma nova proposta de encarreiramento os funcionários fiquem menos dependentes a qualquer preço de promoções e cargos comissionados?”, pergunta o diretor da Contraf-CUT.

“Se essas questões estão a incomodar a alguém, que se divulgue porque se as medidas foram consideradas ruins para essas pessoas, certamente são muito benéficas para a empresa BNDES?”, questiona Miguel.

Conforme o dirigente da Contraf-CUT, “o funcionalismo precisa ser informado para atuar de forma protagonista. Já está chegando ao limite do desrespeito, inclusive com toda a comissão de negociação”.

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