Movimentos sociais realizam manifestação contra privatização do setor elétrico de GO

São Paulo – A CUT de Goiás, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), entre outros movimentos sociais, realizam hoje (12) uma manifestação contra as privatizações no setor elétrico e energético do estado, com destaque para as Centrais Elétricas de Goiás (Celg). A concentração começará às 9h, em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília.

Os manifestantes tentarão entregar à presidenta Dilma Rousseff uma carta em defesa da democracia e da soberania do setor energético nacional. O documento é assinado por trabalhadores do setor e por diversos movimentos sociais, entre eles as organizações Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo.

"Estamos perplexos com essa atitude do governo federal. No dia 16 de dezembro juntamos milhares de pessoas nas ruas para defender a democracia e dizer que somos contra o golpe. E no dia 28 do mesmo mês tivemos de ir a Brasília para exigir que seja enterrada de uma vez por todas a ideia de privatizar o setor elétrico", destaca o presidente da CUT de Goiás, Mauro Rubem de Menezes Jonas. Naquela data, o governo federal aprovou a privatização das Centrais Elétricas de Goiás.

Em manifesto publicado na segunda-feira (4), 35 entidades sindicais de vários estados afirmaram que "os trabalhadores não podem aceitar que o governo Dilma, na tentativa de agradar o 'mercado', tente impor aos(às) trabalhadores(as) e à sociedade brasileira uma agenda conservadora, com a retomada da privatização de alguns setores, como é o caso do setor elétrico."'

Segundo o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Estado de Goiás (Stiueg), Heliomar Palhares Pedrosa, "a energia elétrica está sendo tratada como mercadoria. Logo, o objetivo é o lucro. No nosso modelo, a energia elétrica deve ser completamente estatizada e ter como objetivo não o lucro, mas a promoção do desenvolvimento do País."

Privatização

Com a aprovação da privatização, a Eletrobras – que é dona de 51% das ações de distribuição de energia em Goiás – poderá vender os ativos da empresa por meio de leilão, que será promovido pela BM&FBovespa no final de janeiro. Em junho de 2015, a Assembleia Legislativa de Goiás já havia autorizado a venda de outros 49% de ações da empresa, que são do Estado goiano.

A parte da Eletrobras na Celg foi fixada em R$ 1,403 bilhão e o preço mínimo total da empresa ficará em R$ 2,750 bilhões. O valor estimado da empresa é de pelo menos R$ 6 bilhões.

A estatal atende o Alagoas, Piauí, Acre, Rondônia, Roraima, Goiás e Amazonas e precisará de uma capitalização de R$ 3,3 bilhões neste ano para atender metas estabelecidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e não perder a concessão.

Para o Sindicato dos Urbanitários do Distrito Federal (Stiu-DF), a estratégia adotada pelo governo federal para solucionar o problema das distribuidoras de energia elétrica é equivocada. "As distribuidoras de energia elétrica do sistema Eletrobras são fundamentais para o desenvolvimento regional. Se forem entregues à iniciativa privada, o resultado será o desemprego, as tarifas elevadas, o aprofundamento da terceirização, além da redução da qualidade dos serviços", explica o dirigente Sidney Lucena.

Como alternativa, os movimentos sociais propõem a criação de uma holding de distribuição de energia vinculada diretamente ao Ministério de Minas e Energia, que administraria empresas do grupo.

"Com essa holding seria possível unificar todas as distribuidoras de energia elétrica do sistema Eletrobras, com a possibilidade de melhor fiscalização de recursos. Além disso, se uma distribuidora lucra e outra tem déficit, seria possível organizar a verba para balancear os caixas", explica Rubem, da CUT de Goiás. "As distribuidoras de energia elétrica são rentáveis, o problema é que o lucro que deveria ser investido em melhorias para a própria empresa é usado em outros lugares."

A Eletrobras cobre uma área correspondente a 31% do território brasileiro e distribui energia elétrica a mais de 6,6 milhões de pessoas. Atualmente, participam do sistema Eletrobras a Companhia Energética do Piaui (Cepisa), a Companhia Energética de Alagoas (Ceal), a Companhia de Eletricidade do Acre (Eletroacre), as Centrais Elétricas de Rondônia S.A (Ceron), a Boa Vista Energia S.A e a Amazonas Distribuidora de Energia S.A., além das Centrais Elétricas de Goiás.

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