Morte de coreano em saidinha de banco no Ceará reabre debate falta de segurança nas agências

Diário do Nordeste – Levi de Freitas

Ir a uma agência bancária para sacar algum dinheiro e efetuar algum depósito transformou-se em tarefa que requer preparo psicológico. Isto, pelo fato de que, conforme a população, não há sensação de segurança ao adentrar um banco no Ceará. Apesar das medidas tomadas pelas agências na Capital, e da redução de saidinhas bancárias, o fortalezense não sente-se à vontade após cruzar as portas de vidro.

A morte do coreano Taehwam Roh, assassinado a tiros na última quarta-feira (4), reabriu o debate de ações mais efetivas a serem tomadas pelos bancos para garantir a segurança dos clientes e funcionários. O estrangeiro foi executado em um latrocínio após sacar alta quantia em dinheiro em agência do banco Bradesco no Centro de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

A reportagem percorreu algumas agências na Capital. As reações dos clientes são sempre semelhantes: olhares ressabiados, passos acelerados, sensação de perigo iminente. O relato, praticamente unânime. "Não me sinto seguro em banco, pelos casos de saidinha bancária. A estrutura das agências deixa a desejar. Quando é em Avenida, fica mais fácil de alguém do outro lado saber o que o cliente veio fazer no banco. Tomo cuidados, não saio com dinheiro na mão", afirmou o advogado Paulo Fernandes, 30, ao deixar uma agência.

A também advogada Taiane Casseb, 27, reforçou o coro. "Não tem nenhum tipo de fiscalização na entrada. O segurança fica lá dentro da agência, depois da porta rotatória. Se alguém entrar, pode abordar os clientes nos caixas eletrônicos. Sem biombo, todos sabem o que estou fazendo, vendo até minha senha, se quiser", relatou.

Melhorias

O diretor do Sindicato dos Bancários do Ceará (SEEB-CE), Gabriel Mota, relatou que vem sendo sistemática a luta da categoria por melhorias na segurança tanto para os clientes quanto para os trabalhadores. Conforme ele, o Estatuto da Segurança Bancária, Lei Municipal sancionada em 26 de junho de 2012, vem sendo cumprido em Fortaleza. Contudo, ainda é preciso maior atenção no restante do Estado.

"O sindicato vem debatendo sobre segurança há um bom tempo, e em 2012 tivemos aprovado o Estatuto na Câmara de Fortaleza, por unanimidade. Alguns pontos fundamentais são a existência da porta de segurança e os biombos nos caixas, que não permitem a visualização do que o cliente está fazendo. Em Fortaleza, reduziu significativamente o número de saidinhas bancárias depois da lei", disse.

Conforme o Sindicato, a Capital registrou 26 saidinhas bancárias em 2013. No ano seguinte, foram 12 casos. Neste ano, foram apenas cinco casos registrados. O Sindicato informou que não contabiliza as ações na RMF e Interior do Ceará. Desta forma, o caso ocorrido em Caucaia não entrou na conta.

A agência do banco Bradesco onde o coreano foi morto na quarta-feira foi fechada pelos funcionários e pelo Sindicato na quinta-feira (5). Conforme os bancários, falta segurança no estabelecimento, onde já teriam sido registrados três saidinhas bancárias nos últimos 30 dias, com um cliente morto e outro ferido.

"Em 2013 nós enviamos o Estatuto para a Câmara dos vereadores de Caucaia, que o rejeitou. Agora, após a morte do coreano, o presidente da Câmara, vereador Silvio de Alencar Martins, garantiu que a proposta de segurança será debatida nesta semana, com grande possibilidade de também ser aprovada", disse.

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