Ministro do Trabalho assume compromisso de combater rotatividade

Para Brizola Neto, não há justificativa para os bancos demitirem trabalhadores

Rede de Comunicação dos Bancários
Carlos Vasconcellos

O ministro do Trabalho e Emprego, Brizola Neto, assumiu o compromisso de enfrentar, junto com os bancários e demais categorias, a rotatividade que ocorre em alguns segmentos do mercado de trabalho, como o setor financeiro, durante sua exposição sobre emprego nesta sexta-feira (20) na 14ª Conferência Nacional, que está sendo realizada em Curitiba.

“Estou nesta Conferência com muita satisfação, mas minha presença aqui tem um motivo muito especial: a questão da alta rotatividade na categoria bancária, que é a maior juntamente com a construção civil. No caso da construção civil, há explicações estruturais, mas em relação ao sistema financeiro não há justificativa para essa prática dos bancos. Vou empunhar, junto com os bancários, a bandeira contra a alta rotatividade”, disse.

Ele acrescentou ainda que, além de ser perverso com o trabalhador, que perde seu emprego, o problema tem um alto custo para o governo. “A rotatividade contribui para um gasto de cerca de R$ 30 bilhões por ano com seguro-desemprego, dinheiro que deveria ser investido na qualificação profissional e no abono salarial dos trabalhadores.”

Duas décadas perdidas

Brizola destacou a importância dos bancários na mobilização dos trabalhadores para a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), assinada pelo presidente Getúlio Vargas em 1943. Ele fez ainda duras críticas ao período neoliberal, nos anos 80 e 90, especialmente ao governo Fernando Henrique Cardoso.

“Os governos neoliberais privatizaram, elevaram as taxas de juros, quase destruíram a economia nacional gerando desemprego em massa. Foram duas décadas perdidas. No Brasil foi criada uma das redes bancárias tecnologicamente mais avançadas do mundo, mas, ao lado do processo inflacionário, essa modernidade resultou na drástica redução do emprego no setor financeiro”, disse.

Ele defendeu o governo Lula, que rompeu com esse processo recessivo. “A eleição de um operário rompeu com a lógica anterior, garantiu a valorização do salário mínimo, que apesar de ainda ser baixo, melhorou, elevou a renda do trabalhador e promoveu a geração de empregos, reduzindo as taxas de desemprego.”

Ao lembrar de seu avô, ele disse que Leonel Brizola, que fazia críticas no início do governo petista, admitiu em seguida, que o país começa a avançar. “Ele dizia, com bom humor, que o operário havia começado a comer mingau pelas beiradas”, afirmou.

Perto do pleno emprego

O ministro acrescentou que em alguns setores o desemprego no país chega hoje a 5%, índice próximo ao chamado pleno emprego, capacidade ideal para o Brasil atingir o desenvolvimento econômico, que só será possível com crescimento da economia e geração de empregos.
Ao final de seu discurso, Brizola Neto ressaltou a importância da educação de qualidade para o país e fez uma avaliação positiva do comportamento da economia nacional, apesar da crise internacional.

“A crise internacional foi causada pela irresponsabilidade dos bancos, tem ‘olhos azuis’ como disse Lula. Os países do chamado primeiro mundo já não têm mais capacidade de expansão de seus parques produtivos, o que não ocorre com o Brasil, até em função de nosso atraso histórico. Mas será fundamental a educação de qualidade para garantir o desenvolvimento científico e tecnológico e o futuro do país”, disse.

Combater a terceirização

O presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, expressou ao ministro sua preocupação com o projeto de Lei 4330/04, do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), que tramita no Congresso Nacional. O projeto, se aprovado, escancara a terceirização no país e representa uma ameaça real à categoria bancária e a toda a classe trabalhadora, promovendo ainda mais a precarização no trabalho.

Bancários denunciam HSBC ao ministro

Além disso, o Sindicato dos Bancários de Curitiba entregou ao ministro dossiê com denúncia sobre o HSBC, que contratou um “serviço de inteligência” para espionar a vida de 164 funcionários afastados por doenças do trabalho entre os anos de 1999 e 2002. Eles tiveram suas vidas pessoais vasculhadas por uma empresa contratada pelo banco. Foram filmados e fotografados, com o objetivo de colocar em dúvida suas doenças ocupacionais e tentando “provar” que exerciam “outra atividade profissional”. A empresa nada conseguiu comprovar.

O banco inglês também foi denunciado este mês pelo Congresso dos EUA, de “lavar” dinheiro do tráfico de drogas e do terrorismo internacional.

Brizola Neto disse que o ministério vai apurar essa denúncia e se comprometeu a encaminhar os fatos à presidenta Dilma. Também garantiu que se as denúncias forem comprovadas vai atuar para que o HSBC seja exemplarmente punido. “Também vamos chamar o banco para um diálogo social, para deixar claro que o Ministério do Trabalho tem o compromisso com o elo mais fraco das relações de trabalho, que são os trabalhadores.”

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