Ministro da Fazenda diz que spreads bancários são “anomalia” no Brasil

O ministro Guido Mantega (Fazenda) chamou nesta sexta-feira (4) os spreads bancários brasileiros de “anomalia”. “Os spreads são muito altos no país e isso é uma anomalia que nós precisamos corrigir”, disse. “Hoje há empréstimos que podem custar 80% ao ano. No cheque especial, por exemplo, tem gente pagando 200%, 300%. Isso não pode continuar.”

Os spreads são a diferença entre os custo de captação de recursos pelos bancos e a taxa cobrada dos consumidores. O governo está numa queda de braço com o sistema financeiro para baixar os spreads.

Mantega afirmou que o bancos públicos já “reduziram fortemente essa taxa”. E, para reduzi-las mais, Mantega disse que a taxa básica de juros (Selic) tem que continuar caindo, porque ela representa o custo de captação dos bancos.

“Em primeiro lugar, a Selic tem que continuar caindo, porque ela é a taxa de captação dos bancos. Na medida em que as condições permitirem, isso não é compulsório. Não é obrigatório”, disse.

“Em segundo lugar, os bancos públicos vão liberar cada vez mais crédito a taxas menores. E, portanto, vão fazer concorrência com os privados. Se os bancos não baixarem as suas taxas, vão perder clientes. Porque o cliente não é bobo, sabe fazer conta, vai comparar as taxas, deve fazer isso, e vai migrar para os bancos com crédito menor”, afirmou.

Mantega disse que a concorrência será suficiente, neste momento, para os bancos privados baixarem suas taxas: “Eu tenho certeza de que os bancos privados vão baixar o spread”.

“Já aconteceu algo parecido em 2009, logo depois da crise. O setor privado contraiu o crédito e subiu as taxas. Os bancos públicos liberaram mais crédito, baixaram as taxas e dali a pouco os bancos privados tiveram que ir atrás para reconquistar seus clientes”, afirmou.

O ministro evitou, porém, prever quedas adicionais da taxa básica de juros (Selic). Ontem, o governo anunciou alterações na remuneração das cadernetas de poupança, abrindo espaço para novos cortes na Selic. Ainda assim, Mantega disse que a palavra final é do BC.

“A mudança na poupança abre as condições que não haja uma trava para a taxa não cair. Mas vai cair de acordo com a avaliação que o Banco Central fizer das condições da inflação. É outra história. São duas coisas diferentes”, disse.

Mas, na avaliação do ministro, a inflação está mais baixa neste ano, o que é um “ambiente favorável” para a queda dos juros.

“A Selic só estará em queda se a inflação estiver totalmente sob controle, porque a inflação prejudica a população, corrói o poder aquisitivo e isso nós não queremos. Hoje a inflação está em queda. Em relação ao ano passado a inflação está muito mais baixa. No ano passado, a inflação foi 6,5%. Este ano caminhamos para algo entre 4,5% e 5%, portanto é favorável para baixar juros”, disse.

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