Mesmo com queda, lucro dos três maiores bancos privados chega a R$ 11,5 bi no trimestre

Rentabilidade continua alta, chegando a 22,3% no Santander

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) realizou levantamento que aponta que os três maiores bancos privados do país (Itaú, Bradesco e Santander) lucraram R$ 11,5 bilhões no 1º trimestre de 2020. Isso porque houve queda do lucro de 30,6%, na comparação com os três primeiros meses do ano passado.

“A maior baixa no resultado foi do banco Itaú (-43,3% em doze meses). Mas, mesmo assim foi o que mais lucrou (R$ 3,9 bilhões). No Bradesco, a redução foi de 39,8% no período, e o banco lucrou R$ 3,75 bilhões. Dos, três, o único que não apresentou queda do lucro foi o Santander, que teve crescimento do lucro de 10,6%, ultrapassando o Bradesco e encostando no Itaú, com R$ 3,85 bilhões”, disse a economista Vivian Machado, da subseção do Dieese na Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

A rentabilidade dos dois primeiros ultrapassa os 10%. A do Bradesco foi de 11,7% e a do Itaú de 12,8%. A do Santander chegou aos 22,3%. O Banco espanhol obtém no Brasil 29% de todo seu lucro global.

Juntas estas três instituições possuem ativos de R$ 4,4 trilhões, com alta média de 17,2% em relação a março de 2019.

“Grande parte desse crescimento se deve às carteiras de crédito, que somam R$ 1,9 trilhão, com alta de 18,4% no período”, aponta a economista.

Tarifas e serviços X emprego

Os bancos seguem ganhando com a prestação de serviços e a cobrança de tarifas. Nestes três meses de 2020 estes bancos arrecadaram R$ 21,5 bilhões nesse item. “Essa é receita secundária dos bancos. Representa um valor muito pequeno frente ao que eles arrecadam com outras transações. Mas, com essa receita secundária, eles pagam com folga todas as despesas que têm com seus funcionários, incluindo nessa conta a PLR”, disse Vivian.

A cobertura das despesas de pessoal por essa receita secundária dos bancos variou entre 133,4%, no Bradesco; 179%, no Itaú Unibanco e 190,5%, no Santander, ou seja, cobrindo quase duas folhas de pagamento.

Com relação ao emprego, os três bancos juntos fecharam 7.059 postos de trabalho, em doze meses. Foram 4.097 postos fechados no Itaú em doze meses, parte disso em função do PDV implementado pelo banco no segundo trimestre de 2019, que contou com 3,5 mil adesões. No Santander, foram fechados 1.040 postos de trabalho no período, enquanto no Bradesco, o saldo foi negativo, em 1.922 postos.

Fechamento de agências

Quanto à rede de atendimento, o Santander fechou 27 agências em doze meses. No Itaú, foram fechadas 371 agências físicas no mesmo período e aberta apenas uma agência digital, as quais já somam 196 unidades. O Bradesco, por sua vez, fechou 194 unidades, em um ano.

“Os três juntos fecharam 592 agências no país e a perspectiva diante da situação atual é que muitas não reabram quando as atividades forem restabelecidas após a pandemia”, disse a economista.

Vivian avalia que as apostas e os investimentos dos bancos seguem no sentido da priorização pelo atendimento digital, especialmente nesse momento em que grande parte de seus quadros estão trabalhando em regime de home-office, devido à necessidade de isolamento social no país.

No Bradesco, segundo o relatório, 90% do pessoal da matriz e dos escritórios e 50% do pessoal das agências estão trabalhando nesse regime desde a metade de março e 96% das operações foram realizadas por meio do autosserviço. No Santander, estão em home-office 80% de seu quadro e 82% das operações se deram por canais digitais. No banco Itaú, 95% do pessoal da administração central, das centrais de atendimento e das agências digitais estão trabalhando de suas casas.

Créditos tributários

Cabe destacar que, nesse trimestre o uso de créditos tributários pelos bancos (aqueles relativos a impostos pagos pelas instituições sobre operações que posteriormente foram a prejuízo), foi, significativamente, responsável pelos resultados positivos desses. Isto porque ambos tiveram resultado negativo antes dos impostos, por fatores distintos como, por exemplo, o crescimento das despesas de captação no mercado e com empréstimos e repasses, esses últimos, fortemente impactos pelo câmbio elevado nos últimos meses.

Todavia, com a determinação de isolamento social para combater a disseminação da pandemia, as perspectivas dos bancos para os próximos meses mudou consideravelmente. E isso se refletiu em especial nos provisionamentos dos bancos. O crescimento das carteiras de crédito já apontava para um crescimento do provisionamento, mas o cenário propiciou elevações mais significativas. As despesas com provisões para devedores duvidosos (as chamadas PDD) cresceram 17% no Bradesco, totalizando R$ 7,3 bilhões; 19% no Santander, que chegou a R$ 3,6 bilhões; e, expressivos, 161,5% no Banco Itaú, passando de R$ 4,2 bilhões para R$ 10,9 bilhões. Por sua vez, as taxas de inadimplência atuais, para atrasos superiores a 90 dias, ainda estão relativamente baixas. No 1º trimestre, ficaram em 3,0% no Santander, 3,1% no Itaú Unibanco e 3,7% no Bradesco (todas em queda em relação a março de 2019).

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