Lucro do BBVA recua 82% com maior provisão para perdas imobiliárias

Charles Penty
Bloomberg, de Madri

O Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA), o segundo maior banco da Espanha, sofreu uma queda de 82% no lucro líquido do terceiro trimestre, período em que continuou eliminando ativos imobiliários ruins. O resultado do período foi de ? 146 milhões, em comparação aos ? 804 milhões apurados no terceiro trimestre de 2011. O desempenho ficou aquém da previsão média de 11 analistas consultados pela “Bloomberg”, de ?186,4 milhões.

O BBVA informou ter concluído dois terços das despesas de provisão necessárias para a sua adequação à decisão do governo espanhol de obrigar os bancos do país a reconhecer perdas com o mercado de imóveis, acumuladas nos balanços após o “crash” do setor.

Os lucros maiores no México e na América do Sul ajudaram a amortecer um prejuízo de ? 532 milhões nos primeiros nove meses do ano na Espanha, que ainda responde por cerca de 60% dos empréstimos concedidos pelo BBVA.

“O que está realmente sustentando o lucro do BBVA é a sua diversificação, enquanto eles limpam as carteiras imobiliárias na Espanha”, disse Juan Pablo Lopez, analista do banco de investimento Espírito Santo em Madri, antes do anúncio dos resultados. Ontem, na Bolsa de Madri, as ações do banco subiram 1,82%.

O Banco Santander, o concorrente espanhol que anunciou queda de 94% no lucro líquido do terceiro trimestre em 25 de outubro, está com uma desvalorização acumulada de 1% no preço de sua ação no ano.

Angel Cano, presidente e diretor operacional do BBVA disse ontem em uma webcast que uma maior definição nas perspectivas de lucro, com a redução das incertezas em sua carteira imobiliária, poderá permitir ao banco “tomar decisões” em relação ao dividendo no futuro. Ele acrescentou que o banco não tem motivos para mudar sua política de dividendos, que envolve o compromisso de pegar pelo menos 42 centavos de euro por ação.

Os empréstimos ruins enquanto porcentagem dos empréstimos totais aumentaram de 4% em junho para 4,8%. Os empréstimos líquidos há pouco classificados como em default subiram para ?1,76 bilhão no terceiro trimestre, em comparação a ? 1,63 bilhão no segundo trimestre, segundo informou o banco. A relação de capital próprio do BBVA, uma comparação entre seu capital e os ativos totais ponderados pelo risco, era de 10,8% no fim do terceiro trimestre, a mesma observada no fim de junho.

O lucro líquido de juros do terceiro trimestre cresceu 18% para ? 3,88 bilhões, depois que os empréstimos aumentaram 7% em relação ao mesmo período do ano passado. Os depósitos tiveram acréscimo de 2,4%.

A relação de empréstimos ruins nas operações espanholas do BBVA aumentou de 5,1% em junho para 6,5% em setembro, depois que a instituição incorporou o Unnim, um banco adquirido este ano. Excluindo o Unnim, formado a partir de uma fusão de bancos de poupança da Catalunha, a relação de empréstimos ruins ficou em 5,7%, segundo o BBVA.

A taxa de calote nos empréstimos a incorporadoras atingiu 42%, uma alta de 14,1 pontos percentuais em relação a dezembro de 2011, depois que os juros dos empréstimos corporativos foram elevados para 8,2%, com uma alta de 2,5 pontos. Os lucros obtidos pelo BBVA no México no terceiro trimestre, onde a instituição administrar o maior banco do país, cresceram 7,4% para ? 423 milhões. O lucro apurado na América do Sul, onde o BBVA controla bancos em países que vão da Colômbia ao Chile, cresceu 23% para ? 303 milhões, segundo informou o banco de Bilbao.

O BBVA poderá vender uma participação em sua unidade mexicana NBBVA Bancomer, se precisar de capital ou recursos para financiar sua expansão em outros lugares. “Se encontrarmos uma alternativa de investimento com o mesmo potencial de crescimento do México, poderemos usar isso como uma alternativa”, afirmou Cano.

Segundo o executivo, o BBVA não pretende vender, entretanto, as ações da unidade no curto prazo. O Bancomer é o maior banco do México e o maior contribuinte para os resultados do BBVA. O Santander, o maior banco da Espanha, levantou mais de US$ 4 bilhões para reforçar seu balanço, com a venda de uma participação em seu banco mexicano no mês passado.

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