“Indigência dos bancários” é o título do editorial do jornal Cinform de Aracaju

Sob o título de “Indigência dos bancários”, o jornal Cinform, de Aracaju (SE), publicou editorial nesta segunda-feira, dia 5, analisando a realidade dos trabalhadores e do sistema financeiro. “Com a ganância dos bancos em atingir lucros astronômicos, a categoria está vendo seu salário ser reduzido dia-a-dia, enquanto os bancos continuam sendo os campeões em lucro”, destaca o veículo sergipano.

Leia a íntegra do editorial:

Indigência dos bancários

Os bancários estão em greve nacional desde o dia 24 de setembro por melhores salários e condições de trabalho. Estereotipados como os ‘pobres de gravatas’, hoje, mais do que nunca, eles fazem juz a este estereótipo porque se transformaram nos ‘escravos’ tutelados por uma classe abastada, a dos banqueiros. Com a ganância dos bancos em atingir lucros astronômicos, a categoria está vendo seu salário ser reduzido dia-a-dia, enquanto os bancos continuam sendo os campeões em lucro.

No primeiro semestre deste ano, o setor bancário foi o que teve maior lucro entre todas as atividades da economia deste país. Os banqueiros alcançaram quase 25% do total do lucro das 303 empresas de capital aberto do país que apresentaram seus balanços até agosto, segundo a Consultoria Economática. No mesmo período, os 21 bancos tiveram lucro líquido conjunto de R$ 14,33 bilhões. Isso é um contrasenso com o estágio de quase mendicância dos trabalhadores que ajudam estas instituições a serem o que são!

E ao mesmo tempo em que são reduzidos os salários dos bancários, também é reduzida a quantidade de trabalhadores na área. Os bancários já foram 1 milhão no Brasil num tempo em que o país estava longe de ter 190 milhões de habitantes. Hoje são cerca de 400 mil. Esses postos de trabalho passaram a ser ocupados por terceirizados ou financeiras. O que significa a precarização da mão-de-obra bancária oferecida aos clientes.

Com a redução do número de bancários, esses trabalhadores ficaram sobrecarregados e passaram a ser a categoria campeã em doenças ocupacionais e assédio moral. Isso porque o assédio moral, muitas vezes, é conseqüência da pressão por metas, tornando comum na categoria as LER/Dort – Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – e alguns vexaminosos desmaios e infartos.

As LER/Dort aumentaram 586% entre os anos de 2006 e 2008, conforme os casos registrados em perícias do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. Isso é o que foi oficializado, o que pode indicar que ‘na real’ o número venha a ser bem maior. Em consequência, para este ano, as despesas da Previdência Social apenas com as LER/Dort devem chegar a R$ 2,1 bilhões, segundo dados do Departamento de Políticas Públicas de Saúde e Segurança Ocupacional do Ministério da Previdência e Assistência Social.

Por outro lado, a autorização do Banco Central para que os bancos implantassem os correspondentes bancários está sendo usada de forma indevida. O que seria para funcionar apenas em locais onde não possuíssem agências bancárias, virou um verdadeiro derrame. Hoje os correspondentes bancários já somam aproximadamente 110 mil em todo o país. Esta é mais uma forma de os bancos continuarem explorando a mão-de-obra dos bancários e garantindo seus lucros astronômicos frente a ‘colaboradores’ devastados e indigentes.

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