HSBC quer “driblar” os bancários na hora da distribuição dos lucros

Com o claro intuito de pagar menos Participação nos Lucros e Resultados (PLR) para os bancários, o HSBC deixa 90% do total lucrado no semestre dentro dos cofres. A mesma regra, porém, não vale quando o assunto é bônus para acionistas e executivos.

Segundo números que o próprio HSBC lança em seu balanço contábil do primeiro semestre, que o lucro do banco inglês foi de R$ 2,1 bilhão, porém, quase R$ 1,9 bilhão desse total o banco afirma que deixa guardado para despesas que possam a vir a acontecer, deixando apenas R$ 250 milhões como a base de cálculo para a PLR do trabalhador. Em outras palavras, 90% do lucro, o banco guarda para supostos gastos que ele nem sabe se vai realmente ter.

Quando o assunto é a distribuição desse lucro para altos executivos e acionistas, a conta é outra. Não há teto de pagamento nestes casos, apenas piso. Na prática, o banco paga o quanto quiser, desde que não fique abaixo de 25% dos mesmos R$ 250 milhões, mas usa o lucro de R$ 2,1 bilhões para pagar acionistas e altos executivos.

“É uma história da carochinha. Quem pode imaginar que faz sentido deixar 90% de seu lucro, conquistado graças ao árduo trabalho dos bancários, guardado para gastos que nem existem ainda”, diz o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino. “Claro que essa lógica não vale para o pessoal do alto escalão e para os acionistas, apesar de a base de cálculo ser a mesma. Ou alguém acredita que esse pessoal não vai ganhar uma bolada ? Porque o tratamento diferente?”, completa.

Planejamento

Não é de hoje que os bancos lucram fábulas de dinheiro no país e, portanto, tem condições de pagar PLR maior para os bancários. Até o próprio HSBC admite a possibilidade no seu balanço, que projeta pagamento maior para este ano.

Por isso, desde o ano passado, o Sindicato vem cobrando transparência nos balanços e mudanças nas regras da PLR, para torná-la mais justa. A greve dos bancários tem de crescer a cada dia, para que essa situação seja mudada. Conrado Engel está, ou deveria estar, analisando as simulações de PLR que os sindicatos apresentaram com o objetivo de elevar um pouco mais e dividir de forma mais justa o montante a ser distribuído aos trabalhadores.

Os sindicatos têm o maior interesse em encerrar a greve, mas isso só vai acontecer quando terminar a economia que os banqueiros querem fazer com os bancários. A responsabilidade está nas mãos dos donos dos bancos. Aos bancários cabe a indignação. Quanto maior a greve, maiores serão as conquistas dos trabalhadores.

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