Golpe completa 50 anos e Sindicato de Brasília recolhe documentos

Carteirinha de filiação de Édio Custódio, um dos primeiros sindicalizados

No próximo dia 31 de março, o golpe militar de 1964 completa 50 anos. Durante os 21 anos de repressão política, censura e limitação da liberdade de expressão e opinião, o Sindicato dos Bancários de Brasília também foi alvo de intervenções da ditadura e, hoje, busca por documentos de militantes bancários e da entidade que se perderam no período da ditadura militar.

A Comissão da Verdade, criada em dezembro de 2013 e implementada em janeiro deste ano pelo Sindicato, já começou a coletar informações. No mês passado, a Comissão foi a Belo Horizonte (MG) entrevistar um bancário e familiares do trabalhador que, por causa da perseguição da época, se mudaram para a capital mineira.

De posse das informações, o Centro de Documentação do Sindicato (Cedoc) poderá subsidiar pesquisas sobre o período do regime militar e auxiliar no desfecho de casos ainda não esclarecidos – como, por exemplo, a situação dos torturados (na identificação dos repressores) e desaparecidos.

À época, arquivos do Sindicato foram guardados por vários bancários com o objetivo de impedir que militares tivessem acesso e, por consequência, perseguissem os ativistas de esquerda vinculados ao Sindicato e/ou destruíssem documentos importantes da história dos bancários de Brasília. Tendo em vista que um dos objetivos do sistema antidemocrático era sucumbir a luta dos trabalhadores, foi de suma relevância que a categoria se mobilizasse para guardar informações.

A intervenção militar trouxe uma série de derrotas aos trabalhadores. Os anos de chumbo também prejudicaram política e financeiramente uma série de pessoas e seus familiares, principalmente os filhos de militantes.

Sobre o golpe militar

Após renúncia do então presidente da República Jânio Quadros, em 1961, militares se mobilizaram para tomar o poder, impedindo o vice-presidente João Goulart de ocupar o cargo. A resistência dos militares se tornou ainda maior quando, ao assumir a presidência, Jango adotou discurso considerado de esquerda e implementou políticas voltadas ao trabalhador.

O golpe de 1964 se originou a partir da mobilização das Forças Armadas – mesmo que sem comoção integral dos militares -, e de outras organizações da sociedade civil. Os Estados Unidos da América, potência dominante da época, apoiou o golpe por meio da Operação Brother Sam. Foram enviadas embarcações com seis destroieres com 110 toneladas de munição, um porta-aviões, um porta-helicóptero e quatro petroleiros com 553 mil barris de combustível.

Onze dias após a tomada do poder, o general Humberto de Alencar Castello Branco foi nomeado presidente da República pelo Congresso Nacional.

Apesar da resistência, a democracia deu lugar ao estabelecimento da ditadura militar, que, durante 21 anos controlou o país. Além de violar os direitos humanos, o período deixou marcas na economia brasileira. Mesmo com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a renda real média dos trabalhadores caiu e, com a crise da dívida pública, houve hiperinflação e aumento da desigualdade social.

Por causa da repressão política, imposta pela Lei de Segurança Nacional, muitos militantes se tornavam alvo de perseguição por serem contra o novo regime. Sindicalistas e seus familiares foram torturados e cassados.

Em 1985, o regime militar chegou ao fim. Tancredo Neves foi eleito indiretamente e se tornou o primeiro presidente civil desde o golpe.

Colabore

Você também pode colaborar. Basta entrar em contato com a entidade para entregar o seu material, que será encaminhado ao Centro de Documentação do Sindicato (Cedoc).

Mais informações: [email protected] e 3262-9053/9020.

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