Fórum Social do Mercosul debate Democratização dos Meios de Comunicação

Nesta segunda-feira (28) pela manhã, último dia do Fórum Social do Mercosul, em Curitiba, aconteceu o Painel “Democratização dos Meios de Comunicação”. Participaram como debatedores Rosane Bertotti, secretária nacional de comunicação da CUT, Ana Chan, integrante da coordenação nacional do MST, Celso Schröder, coordenador do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), e Doático Santos, coordenador do Fórum Social do Mercosul (FSMercosul) e secretário especial do governo do estado para assuntos de Curitiba.

Durante as exposições, ficou evidente o consenso de que o Governo Federal deve convocar a Conferência Nacional de Comunicação para ouvir a sociedade e levantar propostas que levem à construção de políticas públicas para o setor. O coordenador do FNDC elogiou a intensidade da discussão acerca da comunicação no Fórum e fez severas críticas ao monopólio midiático. “Esse debate no FSMercosul é fundamental para a emancipação da sociedade porque traz à tona a realidade da comunicação no Brasil. Como o caso da Rede Globo, que surgiu e tem toda essa dimensão graças a maciços investimentos públicos. No entanto, sua atuação, muitas vezes, assume o papel partidário, contrariando os interesses da população. Ainda por cima, prega a negação da política, revelando ser um instrumento alienador. É na política que vamos resolver efetivamente os problemas sociais que o país apresenta. A ausência de debate e a usurpação do Poder Público pelos grandes meios de comunicação impede que o país se democratize”, afirmou Schröder, que também trouxe dados sobre a comunicação no Brasil. “Pesquisas revelam que o cidadão brasileiro é o que passa o maior número de horas em frente à TV e um dos que menos lê jornal. Além disso, em todo país, seis famílias controlam todas as grandes redes de comunicação. Essa situação deve ser revertida em caráter de urgência. Daí a importância da Conferência Nacional de Comunicação no sentido de diagnosticar, denunciar problemas, e construir políticas públicas que vislumbrem o combate ao monopólio midiático. Quando tentamos regular a comunicação no Brasil, fomos sistematicamente impedidos pelo Congresso Nacional, um verdadeiro testa de ferro dos meios de comunicação. Para eles [a mídia], lei nenhuma é a melhor lei”, completou.

De acordo com a secretária nacional de comunicação da CUT, a principal tarefa da Conferência será diagnosticar o setor para poder mudá-lo. “O objetivo é que seja feita uma avaliação, destacando os pontos positivos e negativos, e apresentar as possibilidades para mudar essa realidade. O que sabemos é que hoje não há democracia alguma nos meios de comunicação. Muito pelo contrário, existe sim uma grande concentração ditatorial na mídia, que sempre criminaliza os movimentos sociais. É a lei do pensamento único, em detrimento da liberdade de expressão. Temos convicção de que a imprensa nacional tem posição política definida, a chamamos de PIG – Partido da Imprensa Golpista. Dessa forma, o Brasil precisa fazer a Conferência Nacional de Comunicação porque a correlação de forças não aponta para uma ruptura dessa realidade”, expôs Bertotti.

Já Ana Chan, do MST, fez uma análise conjuntural e relacionou o agronegócio à mídia. “O momento que vivemos é de hegemonia das empresas transnacionais, de descenso dos movimentos sociais e de divisão da esquerda. O latifúndio achou uma forma de se renovar e expandir. A concentração de terra traz consigo o trabalho escravo, a pobreza e a fome. A Associação Brasileira de Agrobussines tem entre seus sócios os grupos Globo e Estadão. Não é uma relação escondida, está aí para todos verem. Nesse sentido, estamos em campos opostos. Essa conjuntura não permite que a luta dos movimentos sociais seja difundida nos veículos de comunicação. Desse modo, a luta que enfrentamos no campo, com o velho latifúndio, também é a mesma na comunicação. Por isso, a luta pela democratização da comunicação não deve ser apenas do acesso. Nós, enquanto classe trabalhadora, queremos também produzir comunicação”, ressaltou.

Por último, o Coordenador do FSMercosul disse que dentre as resoluções do evento já está confirmado o apoio à realização da Conferência Nacional de Comunicação. “Também vamos levar a proposta para o governador Requião com a finalidade de ganhar apoio político. Além disso, estamos engajados na organização do Comitê Estadual Pró-Conferência de Comunicação”, informou Santos.

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