EUA começam a retirar apoio de emergência aos bancos e mercados

Financial Times
Krishna Guha, de Washington

Os Estados Unidos estão começando a retirar o apoio emergencial aos bancos e mercados financeiros, segundo declarou ontem o secretário do Tesouro Tim Geithner, dando prosseguimento às medidas de desativação das políticas que vêm sustentando o abalado sistema financeiro americano.

Passado quase um ano desde o dia em que o colapso do Lehman Brothers desencadeou uma onda de pânico que lançou os EUA e grande parte do mundo em uma recessão, Geithner disse que é hora de passar da resposta à crise para a recuperação.

Apontando para as evidências de uma melhoria dos mercados financeiros, que apenas poucos meses atrás estavam paralisados pela fuga dos investidores ao risco e a relutância dos bancos em emprestar dinheiro uns aos outros, Geithner disse que os EUA deixarão suas garantias ao setor de fundos mútuos, que movimenta US$ 2,5 trilhões, vencerem no fim do mês, conforme programado.

Ele também apoiou uma revisão feita pela Federal Deposit Insurance Corporation, que provavelmente restringirá a casos de emergência as garantias de financiamentos para bancos que estão encerrando completamente suas atividades ou tendo suas atividades restringidas.

“Ao entrarmos nesta nova fase, precisamos começar a desfazer parte do apoio extraordinário que demos ao sistema financeiro”, disse Geithner, que acrescentou que a melhoria dos mercados se deve em grande parte às medidas tomadas pela administração Obama.

O secretário do Tesouro americano não fez menção a uma “estratégia de saída” do estímulo fiscal e monetário. Em vez disso, ele disse que “precisamos continuar reforçando a recuperação até que ela seja autossustentada e liderada pela demanda privada”, e prometeu “não puxar o freio cedo demais”.

Mesmo assim, o momento da mudança estratégica rumo à retirada do apoio aos mercados financeiros é simbólica. As garantias aos fundos mútuos foram implementadas imediatamente depois do colapso do Lehman Brothers, para impedir uma corrida ao setor desencadeada pelas perdas sofridas pelo Reserve Primary Fund, que havia investido em títulos de dívida do Lehman Brothers.

Geithner disse que o fluxo de capital do governo para os grandes bancos americanos foi revertido. As instituições já teriam devolvido mais de US$ 70 bilhões dos recursos emergenciais que receberam. “Estimamos agora que os bancos vão pagar outros US$ 50 bilhões nos próximos 12 a 18 meses”, disse ele.

Geithner afirmou que o tamanho dos programas de empréstimos emergenciais do Federal Reserve (Fed) diminuiu muito, com a linha de financiamento de commercial papers do Fed caindo 87% em relação ao seu pico, e seu esquema de leilões de recursos diminuindo 57%.

Um funcionário graduado do Tesouro disse que o governo quer “reduzir nossa presença em várias áreas dos mercados”, mas não pretende cortar todo o apoio da noite para o dia. Ele disse que o governo continuará prosseguindo com as iniciativas para diminuir as execuções de hipotecas residenciais e aumentar a disponibilidade de crédito para pequenas empresas, áreas em que, segundo os críticos, o governo não fez o suficiente.

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