Criação de empregos nos bancos vai na contramão dos lucros

(São Paulo) Quando o assunto é lucro, os bancos estão no topo do ranking. Bateram seguidamente recordes e mais recordes em 2007. Agora, na hora de contratar, estão lá em baixo. Foram os que menos criaram postos de trabalho formais no ano entre todos os setores da economia brasileira.

A revelação foi feita por estudo da consultoria Economática nesta terça-feira, dia 21, ante-véspera da primeira rodada de negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban, marcada para quinta-feira, dia 23.

“A imagem dos banqueiros não é ruim só com os bancários, é pior ainda diante da sociedade. Um setor que tanto se beneficia precisa gerar mais emprego, pagar melhor para ajudar a alavancar a economia, distribuir renda”, diz o presidente do Sindicato de São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino.

Os ganhos acumulados dos bancos no primeiro semestre bateram em R$ 14,52 bilhões, puxados principalmente pelas quatro maiores instituições do país com capital aberto: Itaú (R$ 4,016 bi); Bradesco (R$ 4,007 bi); Banco do Brasil (R$ 2,5 bi); e Unibanco (R$ 1,422 bi). Destes, apenas o resultado do BB foi inferior ao mesmo período do ano passado. O Itaú cresceu 35,7%, o Bradesco, 27,9%, o e Unibanco, 33,15%.

Os resultados colocaram o setor financeiro à frente de outros setores como o do petróleo e gás natural que ficou na segunda colocação, com ganhos de R$ 11,398 bilhões.

Mas, se os lucros cresceram, a geração de empregos formais diminuiu. Segundo o estudo, os bancos geraram míseros 4.320 postos de trabalho com carteira assinada no mesmo período. O número é menos da metade do registrado de janeiro a julho de 2006: 11.508. Variação negativa de 62,46%.

Em comparação com os outros setores, aqui os bancos estão na lanterna. Representam apenas 0,39% do total de empregos formais criados no Brasil entre janeiro e junho de 2007. No mesmo período de 2006, o índice foi de 1,24%.

Mais trabalho
Se a equação aumento de lucros e diminuição de contratações, por si só, já dá a entender que o bancário está sobrecarregado, uma análise mais profunda sobre a origem destes números confirma a tese. Em 2007, os ganhos dos bancos devem muito às receitas de crédito, o que representa justamente mais trabalho para o bancário.

Não é de hoje que os bancários reclamam do cumprimento de metas, que se agravou após a ampliação da administração de produtos nas agências. A cada ano, os empregados aumentam o ritmo de trabalho e ajudam a construir o lucro, mas ainda estão bem longe do reconhecimento e respeito merecidos.

“Por isso, pela primeira vez na campanha o Sindicato quer discutir com os bancos a remuneração variável, pagamento baseado nos recursos arrecadados com a venda de seguros, cartões e empréstimos financeiros. Acreditamos que interferir nesse processo vai muito além do que promover uma divisão mais igualitária. É interferir num processo de gestão que impõe metas abusivas e leva os bancários ao adoecimento, em razão da pressão praticada pelos bancos para que os resultados financeiros sejam cada vez mais lucrativos”, disse Marcolino.

Estudo divulgado em julho pela agência Standart & Poors (S&P), diz que os bancos estão aumentando a sua carteira de crédito em 20% ao ano. O Banco Central confirmou a tendência ao divulgar, também em julho, que a carteira de crédito do setor cresceu 23,1% entre março de 2006 e março de 2007. Já o jornal Valor Econômico diz que as receitas de crédito dos bancos cresceram 11,88%, de R$ 40,4 bilhões para R$ 45,2 bilhões, na comparação entre os três primeiros meses de 2006 e 2007.

Fonte: André Rossi e Elisângela Cordeiro – Seeb SP

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