Contraf-CUT cobra explicações sobre demissões na BV Financeira

A Contraf-CUT reuniu-se na manhã desta quarta-feira (18) com representantes da área de Recursos Humanos da BV Financeira, na sede da Confederação, em São Paulo, para tratar das demissões feitas pela empresa em 2012.

Levantamento realizado pela Contraf-CUT, a partir de informações dos sindicatos, aponta mais de 300 desligamentos realizados pela BV Financeira, em 2012. Mais precisamente, segundo a instituição financeira, foram 326 desligamentos ocorridos até agora, tendo o quadro atual 4.207 empregados, em todo o país.

De acordo com os representantes da empresa, as demissões ocorreram em razão de reestruturações internas na BV, devido principalmente à centralização das plataformas de crédito na cidade de São Paulo , com o fechamento de diversas unidades e o aumento da inadimplência que impactou sobremaneira os resultados da BV Financeira, provocando um prejuízo de R$ 656 milhões em 2011.

Diante dessa realidade, quem não teve o perfil avaliado com possibilidade de reaproveitamento ou não se disponibilizou a transferências foi desligado, argumentou a financeira. A área de negócios relacionada ao financiamento às concessionárias apresentou maior problema e foi praticamente extinta. O foco do negócio da empresa continuará sendo o multimarcas (financiamento para veículos usados).

Outras medidas, além da centralização da mesa de crédito em São Paulo, a concentração de diversos setores e atividades no novo endereço da Avenida Paulista, reduzindo despesas fixas da financeira, como aluguéis, internamente o esforço é pelo aprimoramento dos processos de análise de crédito, com contratação de pessoal em São Paulo.

Segundo informações apresentadas pela empresa, o novo presidente da BV, João Teixeira, busca uma mudança na cultura organizacional neste primeiro momento, mas que possui plena convicção de que a BV, já em 2013, deve voltar a expandir seus negócios. Os representantes da financeira enfatizaram que o momento agora é de focar a qualidade do crédito e não aumentar o seu volume.

Olho vivo

A BV garantiu que as demissões oriundas dessas mudanças já foram efetivadas e futuros desligamentos estarão vinculados ao “turn over” da empresa ou a avaliação de performance profissional.

“Orientamos que os sindicatos continuem vigilantes e, principalmente, acompanhem os trabalhos da BV para que não haja abuso na exigência do cumprimento dos resultados e para que as atividades não sejam terceirizadas. Precisamos desta fiscalização para garantir que o que foi afirmado pela BV hoje ao movimento sindical ocorra de fato. Ou seja, para que não tenhamos mais demissão em massa, para que os serviços não sejam terceirizados e que não ocorra a prática de assédio moral”, alerta Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT.

Durante a reunião, os dirigentes sindicais foram enfáticos ao dizerem que não admitirão a substituição do pessoal demitido por modelos de terceirização, seja por meio da contratação indireta de trabalhadores, de empresas ou correspondentes bancários. “A BV garantiu que não se trata disso e que a empresa tem consciência dos problemas advindos com este tipo de terceirização, que a expõe inclusive a futuros passivos trabalhistas”, informa Miguel.

PLR

Com o prejuízo apresentado de R$ 656 milhões, a diretoria da BV decidiu estender o pagamento do programa próprio de remuneração variável aos trabalhadores da área administrativa, uma vez que o pessoal da área de vendas já tinha assegurado esse direito por possuir a remuneração vinculada a resultados, informou a financeira.

Nos próximos dias será agendada nova reunião para ser negociada a proposta de PLR dos funcionários da BV para o exercício de 2012.

“Cobramos que a empresa seja transparente e divulgue a demonstração do balanço em 2011. Sem ele não teremos elementos suficientes para a negociação”, afirma Miguel. Os representantes da financiadora se comprometeram a disponibilizar o documento no site e enviar o balanço à Contraf-CUT.

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