Comando Nacional avalia vitórias da Campanha 2010 e define próximas lutas

Em reunião ocorrida nesta terça-feira, dia 7, em Belo Horizonte, o Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, avaliou positivamente a Campanha 2010. Para os dirigentes dos sindicatos e federações, a greve mais forte dos últimos 20 anos arrancou o maior aumento real, valorização do piso, elevação da PLR e cláusulas de combate ao assédio moral e de melhoria da segurança bancária, além de vitórias nos acordos específicos com os bancos públicos. Os participantes também definiram encaminhamentos para organizar as próximas lutas.

Clotário Cardoso, presidente do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte, saudou a realização do encontro na capital mineira. “Nós nos sentimos gratificados e honrados em sediar a última reunião do ano do Comando Nacional para avaliar a campanha vitoriosa que fizemos”, destacou.

“É importante receber companheiras e companheiros de todo Brasil para avaliar as conquistas e os avanços da campanha deste ano, frutos da força da greve e da mobilização nacional da categoria”, frisou Magali Fagundes, presidenta da Fetraf-MG.

Para a Contraf-CUT, foi uma campanha vitoriosa

Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional, fez uma apresentação sobre a organização, a mobilização e os resultados positivos da Campanha 2010. Ele salientou a importância da participação da categoria desde a construção da pauta de reivindicações e a definição das prioridades, valorizando a democracia e a unidade nacional.

“Foi importante o grau de unidade entre os sindicatos e federações, inclusive com entidades que ainda não integram o Comando Nacional, o que foi fundamental para potencializar o movimento e garantir as vitórias”, destacou o presidente da Contraf-CUT. “Demos, assim, mais um passo rumo à mesa única de negociações”.

“Nós precisamos avaliar o modelo de greve. Apesar do fechamento de 8.280 agências de bancos públicos e privados, o que significa 1.000 unidades a mais em relação ao ano passado, não é possível que clientes de alta renda continuem entrando em agências paralisadas, enquanto que os demais não são atendidos, como aconteceu em várias dependências”, alertou Carlos Cordeiro.

O coordenador do Comando Nacional apontou também o cenário da campanha: crescimento econômico, bons acordos de outras categorias, eleições gerais e crise no exterior. Ele enfatizou a importância do processo de contrução da campanha com as consultas aos bancários e a pesquisa nacional; a definição dos temas centrais pelo Comando; as conferências regionais, a conferência nacional e as assembleias dos sindicatos para a aprovação da minuta de reivindicações.

Carlos Cordeiro ainda salientou o acerto da estratégia de campanha unificada, o acerto do calendário de negociações (Fenaban e bancos federais), assembleias e greve, o acerto da transversalidade de gênero nos temas da campanha e o acerto da mobilização nos bancos públicos e privados. “A unidade nacional, a mídia unificada, a divulgação interna e externa e a importância das mesas temáticas também contribuíram, e muito, para os resultados positivos que conquistamos”, ressaltou.

O presidente da Contraf-CUT exibiu gráficos, mostrando que até 2003 os bancários vinham obtendo reajustes abaixo da inflação de cada ano. “Com a campanha unificada a partir de 2004, os bancários abriram um novo ciclo e passaram a acumular aumentos reais de salário, bem como a valorização do piso e a elevação da PLR, melhorando a renda do trabalhador”, declarou. “Além disso, obtivemos conquistas sociais em 2010, como a cláusula de combate ao assédio moral e de melhoria da segurança bancária”, completou.

As conquistas das mesas específicas dos bancos públicos também foram destacadas. “Obtivemos avanços no BB, como a elevação do piso e a implantação da carreira de mérito, assim como na Caixa aumentamos o piso e arrancamos a PLR social de 4% do lucro de forma linear, passando a ser a única instituição financeira que distribui até 19% do lucro para os trabalhadores”, frisou. “Acompanhamos ainda as negociações com os demais bancos públicos, garantindo importantes conquistas, e a Contraf-CUT assinou pela primeira vez acordo coletivo com o BNDES”, acrescentou.

“Quero agradecer e parabenizar mais uma vez todos os dirigentes sindicais e os bancários de todo Brasil, que se uniram e fizeram acontecer a Campanha 2010 e, juntos, conquistamos importantes vitórias para a categoria e a classe trabalhadora”, concluiu Carlos Cordeiro.

Mais avaliações de campanha vitoriosa

Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, que desempenhou papel de destaque no processo de negociação, fez também uma avaliação positiva da Campanha 2010. “Os resultados econômicos falam por si: conquistamos o maior aumento real dos últimos anos”, afirmou.

“O aumento do piso tem reflexo não somente para quem ingressa no banco, mas também para o salário do caixa e do primeiro comissionado, além de contribuir efetivamente para melhorar a remuneração das mulheres, cujos vencimentos são menores que os dos homens”, apontou.

Ela explicou que o reajuste de 7,5% somente para quem recebia até R$ 5.250 foi uma proposta da Fenaban. “O reajuste diferenciado não foi uma reivindicação dos bancários”, disse. Juvandia também frisou os ganhos dos bancários no BB e na Caixa, reforçando o acerto da campanha unificada.

Eduardo Navarro, diretor da Federação dos Bancários da BA-SE, elogiou a atuação do Comando Nacional e destacou a unidade do movimento. “Acertamos a data da greve, deflagrada no dia 29 de setembro, que permitiu aprofundar a organização e a unidade da categoria”, disse. “Precisamos seguir apostando na possibilidade de construir uma única mesa de negociação”, enfatizou.

Aparecido Donizete Roveroni (Cidão), diretor da Federação dos Bancários de SP-MS, também parabenizou a atuação do Comando Nacional e de todos os sindicatos e federações, “o que garantiu uma greve forte e vitoriosa”. Ele destacou que “os juízes concederam menos interditos proibitórios em 2010 do que em anos anteriores”. Cidão defendeu igualmente uma única mesa de negociação.

Antonio Pirotti, secretário de Assuntos Sócioeconômicos da Contraf-CUT, ressaltou o crescimento da greve, envolvendo mais bancários em todo país, sublinhando dentre as conquistas a valorização do piso. “A estratégia de negociações gerais e específicas concomitantes é correta e não está esgotada”, avaliou. Ele defendeu a busca da participação de todas as entidades sindicais no Comando Nacional e a unidade na ação. Pirotti também destacou os avanços nos acordos com os bancos públicos.

Cássio Ricardo Marques, diretor do Sindicato dos Bancários de Florianópolis, também reforçou a força da mobilização. “Foi uma campanha complexa. Muitos bancários aderiram à greve, enquanto outros ficaram trabalhando. A proposta da Fenaban superou expectativas, especialmente o índice de reajuste do piso. Reconhecemos os avanços, mas precisamos analisar os problemas para melhorar no ano que vem”, analisou.

Encaminhamentos

Os integrantes do Comando Nacional aprovaram um conjunto de encaminhamentos, que apontam para a continuidade da luta dos bancários em 2011, buscando novas conquistas. “A retomada das mesas temáticas e permanentes é uma das principais definições, com a finalidade de melhorar as condições de trabalho e avançar nas questões específicas em cada banco”, destacou Marcel Barros, secretário-geral da Contraf-CUT.

Veja as definições do Comando Nacional

1. Realização do Encontro Nacional de Dirigentes Sindicatos (9, 10 e 11 de fevereiro, em São Paulo) para organizar o processo de negociação permanente e definir as prioridades em cada banco público e privado;

2. Retomada das mesas temáticas com a Fenaban (saúde e condições de trabalho, segurança bancária, terceirização e igualdade de oportunidades);

3. Assinatura de acordos coletivos entre os sindicatos e os bancos sobre a cláusula de prevenção de conflitos no ambiente de trabalho, que visa ao combate ao assédio moral;

4. Assinatura de acordos entre os sindicatos e os bancos sobre a cláusula de reabilitação profissional;

5. Retomada das mesas permanentes com todos os bancos públicos e privados, procurando novas conquistas para as questões específicas;

6. Retomada do debate sobre o sistema financeiro que queremos.

7. Continuidade da luta pelo emprego.

Ato em homenagem aos que lutaram contra ditadura

Ao final, a Contraf-CUT chamou os integrantes do Comando Nacional e todos os sindicatos e federações a participarem do ato público a ser realizado pela CUT na próxima segunda-feira, dia 13, no Rio de Janeiro, em homenagem aos combatentes da ditadura, no dia de aniversário do famigerado AI-5.

O objetivo é reafirmar a importância da luta de toda uma geração, que nos trouxe até o processo de mudanças que vivemos hoje no Brasil. A intenção é se contrapor ao discurso de direita, muito utilizado pela campanha de José Serra e que agora recrudesce em alguns setores da sociedade.

Parte desse discurso tenta transmitir às novas gerações que a luta contra a ditadura foi obra de “terroristas”, “ladrões” e outros adjetivos que tentam desqualificar a luta e apagar a história. Discurso que ganhou manchete na Folha de S. Paulo, empresa que contribuiu com a ditadura militar e que a chamou recentemente de “ditabranda”.

É preciso resgatar a história da luta contra a ditadura e aprofundar a construção da democracia.

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