Carta das Juventudes – Por uma política de juventude participativa e democrática

A 3°Conferência Nacional de Juventude que aconteceu nos dias 16 a 19 de dezembro de 2015, em Brasília, compartilhou de um cenário de extrema importância política para o país, com certeza o maior e mais importante vivenciado por uma conferência de Juventude até hoje. Nós, jovens de todo o Brasil, superamos desafios das mais distintas categorias para ter respeitado nosso direito ä livre organização e participação nas etapas municipais, territoriais, digital, livres e estaduais.

Jovens se mobilizam de todos os cantos do Brasil para exercer, através da Conferência, seu direito à participação política, ao debate, à voz e à democracia, trazendo consigo a força da representação das juventudes brasileiras com suas pautas, mazelas, sonhos e desafios na luta por um país mais justo e que garanta direitos para todos e todas. Não vamos aceitar nenhum direito a menos!

A Conferência de Juventude, que chegou em sua 3ª edição, foi instrumento de participação social construída com os movimentos sociais em consonância com o projeto democrático e popular que chegou ao poder em 2002 e avançou com um histórico de conquistas sociais, de diálogos e organização, mas com os desafios batendo à porta. Somos milhares os jovens indígenas, quilombolas, mulheres, negras e negros, LGBTs, campesinos, ciganos, trabalhadores e trabalhadoras, que ainda estão à margem das políticas públicas de juventude. O papel da Secretaria Nacional de Juventude deveria ser o esforço da construção do diálogo e organização dos instrumentos necessários para a minimização dos problemas das juventude brasileiras. Infelizmente, este papel não está sendo cumprido!

A pouca habilidade da SNJ em dialogar com os gestores locais desgastou as etapas municipais e estaduais ao longo desse processo de conferências. O cúmulo foi a não emissão de passagem de delegados e delegadas eleitos! Aos que conseguiram chegar: falha na logística de hospedagem, alimentação e traslado; jovens transexuais tendo violado seu direito ao uso do nome social, sofrendo transfobia em diversos espaços; o reconhecido avanço da metodologia de etapas digitais, sem contudo o acompanhamento e retaguarda aos delegados; ausência de diálogo com membros da comissão organizadora para ajudar na construção da conferência; ausência de abertura para o diálogo com os movimentos sociais para conformação de uma programação que convergisse ato político com a presidenta Dilma Rousseff e Pepe Mujica e o ato de rua com juventudes, movimentos sindicais e sociais em defesa da democracia e contra o Impeachment. No mais, a luta contra o genocídio da juventude negra, por uma nova política nacional de segurança pública, a exemplo da desmilitarização da polícia militar, bandeira de todas as juventudes, sendo negligenciada quando da agressão da Polícia Militar do Distrito Federal contra jovens mulheres negras, não tendo nenhuma assistência ou apoio, tampouco, pronunciamento oficial da SNJ acerca do ocorrido.

A Secretaria Nacional de Juventude foi criada para que o nosso país pudesse apontar diretrizes nacionais em diálogo com todas as juventudes, através de Programas e Projetos que priorizassem a minimização dos índices de violências, mortalidades, desemprego, desqualificação profissional e tantas outros que ainda assolam a maior parcela da população brasileira. Sendo assim, NÃO acreditamos numa SNJ que não priorize e reformule o Plano Juventude Viva, que deve combate uma das chagas mais resistentes de 500 anos de violência contra os negros e negras de nosso país: o genocídio da juventude negra, pobre e de periferia de Norte a Sul do Brasil. NÃO acreditamos numa SNJ que não priorize a juventude indígena e não reconheça o seu genocídio, permanecendo invisibilizada nas trincheiras de luta. NÃO acreditamos numa SNJ que toma a decisão de interromper o programa Estação Juventude, fazendo com que os entes federados fiquem sem condições mínimas de construir políticas inclusivas para a juventude brasileira, ainda mais neste momento de crise fiscal.

Queremos uma SNJ que não corra o risco de extinção por falta de política, livre das caixinhas administrativas, com capacidade de articulação transversal da política e com os entes federados.

Queremos de volta o nosso e imprescindível Juventude Viva e outros projetos importantes para a juventude brasileira.

Queremos a juventude no centro da política da retomada do crescimento e do desenvolvimento, incidente nas políticas sociais e culturais estruturantes.

A SNJ não pode ser só espaço de articulação, sem diálogo com a ampla diversidade das juventudes e com os movimentos sociais.

A juventude é a solução para a crise, mas é preciso corrigir rumos, governar para, e com a diversidade dos movimentos sociais, com os gestores, com os artistas e intelectuais, de forma ampla e democrática.

 Voa SNJ!

 Voa Juventude!

Assinam:

Juventude da Central Única dos Trabalhadores e Trabalhadoras – JCUT

Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – COIAB

Movimento e Ação Instituto- CONJUVE

União dos Estudantes de Pernambuco – UEP- Cândido Pinto

CNTE – Coletivo Nacional de Juventude

Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar – ConTraf

Coletivo Nacional Dandara

Coletivo Feminista Flor de Mandacaru

Coletivo Ousar

Coletivo Nacional Para Todos

Grupo Arco Íris

Juventude do PDT Nacional

Juventude do PV Nacional

Juventude Nacional do PSB

Instituto Tamu Junto (ES)

Movimento de Direitos Humanos de Cachoeiro de Itapemirim

Juventude do Partido dos Trabalhadores – JPT

Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Rio Grande do Norte – FETARN

Fórum Estadual LGBT do Espírito Santo

Coletivo Nacional Plural

Coletivo Nacional Apolo

Fórum de juventude da Região Sul do Espírito Santo

Conselho Municipal de Cachoeiras de Itapemirim

Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Alagoas – FETAG/AL

 Instituto Feminista Jarete Viana

Sindicato dos Artistas e Técnicos em Diversões do Estado de Alagoas SATED/AL

Presidência do Conselho Estadual de Juventude do Rio Grande do Sul

FETRAF Nacional

Conselho Estadual do Rio de Janeiro

IJC- Instituto de Juventude Contemporânea

Juventude Negra Kalunga

Movimento Cultural EU AMO BAILE FUNK

ARTGAY Nacional

Associação de Mulheres Multiplicar

Coletivizando

Rede de Colegiado Territorial de Alagoas

Juventude CONEN

Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLTOkDigite uma mensagem

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