Caixa: Lucro às custas de empregados sobrecarregados em todo o país

A Caixa Econômica Federal obteve um lucro líquido de R$ 2,4 bilhões no primeiro semestre de 2016, queda de 29,73% na comparação com o mesmo período de 2015. Os principais componentes redutores do lucro foram as despesas com captação que chegaram a R$ 41,8 bilhões e o resultado com instrumentos financeiros derivativos que resultou em saldo negativo de R$ 7,8 bilhões. Além disso, as despesas com provisões para devedores duvidosos de R$ 10,1 bilhões também tiveram forte impacto negativo sobre o lucro e já superam inclusive as despesas com pessoal e administrativas.

clique aqui e veja os destaques do Dieese.

A rede física da CAIXA em junho de 2016 foi de 3.407 agências. O número de clientes aumentou consistentemente e supera o patamar de 85 milhões. Com a redução de 2.235 postos de trabalho no mesmo período, a intensidade do trabalho na CAIXA caminha para níveis alarmantes. Apenas nos últimos 3 meses a Caixa cortou 1.304 postos de trabalho através do Programa de Apoio à Aposentadoria (PAA).

“Os números do balanço reforçam o que o movimento sindical já vem denunciando há tempos. A extinção de empregos na Caixa, que é resultado das aposentadorias pelo PAA [Plano de Apoio à Aposentadoria] sem a devida reposição, aumenta a intensidade do trabalho bancário e precariza o atendimento à população. E isso aumenta o adoecimento entre os empregados, por conta dessa sobrecarga”, denunciou o diretor executivo do Sindicato e coordenador nacional da Comissão Executiva dos Empregados (CEE), Dionísio Reis. “Nossa campanha já começou e mais contratações é prioridade da nossa pauta de reivindicações, que já está com a direção do banco”, acrescentou.

O dirigente ressaltou que só com as receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias (R$ 10,9 bilhões, crescimento de 9,5% em doze meses), o banco cobre em 104% a folha de pessoal (a despesa de pessoal, incluindo PLR, totalizou R$ 10,449 bilhões e cresceu apenas 3,9% na comparação com o primeiro semestre de 2015).

Dionísio destacou ainda outro dado do balanço: a carteira de crédito ampliada cresceu apenas 6,7% (saldo de R$ 691,6 bilhões) no primeiro semestre de 2016, bem menos do que o crescimento registrado no primeiro semestre de 2015, que foi da ordem de 17%. “Esse dado põe em cheque o próprio papel da Caixa Econômica Federal. Como banco público que é, a instituição deveria atuar com uma política anticíclica em tempos de recessão, ampliando a oferta de crédito e com juros mais baixos que os de mercado, contribuindo com o consumo e com o crescimento da economia do país. Mas a Caixa passou a  adotar a mesma política recessiva, de restrição ao crédito e de juros altos dos bancos privados”, critica. “E é importante lembrar: o desenvolvimento do país e do crédito é também o crescimento da Caixa.”

O Retorno sobre Patrimônio Líquido Médio acumulado nos últimos 12 meses, medida de rentabilidade dos bancos, foi de 9,76% (redução de 2,73 p.p.).

No âmbito das políticas públicas e programas sociais no primeiro semestre de 2016, destacam-se a contratação de 180,9 mil novas unidades habitacionais no Programa Minha Casa Minha Vida, o pagamento de R$ 13,6 bilhões em benefícios sociais e R$ 118,8 bilhões em direitos dos trabalhadores. O principal programa de transferência de renda, o Bolsa Família, pagou R$ 12,9 bilhões em benefícios.

Compartilhe:

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no telegram
Telegram