Banqueiros tentam intimidar trabalhadores, mas greve continua e adesão aumenta no Paraná

Quase 80% das agências bancárias nas dez maiores regiões do Paraná amanheceram fechadas nesta sexta-feira (16). A greve nacional dos bancários teve início no dia 06 de setembro e hoje completa onze dias. São 19 mil bancários paralisados em 777 agências e dez centros administrativos fechados. O levantamento foi realizado pela Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (FETEC-CUT-PR) que representa 85% do total de bancários e financiários do estado.

Sem apresentar nova proposta para a categoria, após a oitava rodada de negociação que aconteceu nesta quinta-feira (15), em São Paulo, os banqueiros amanheceram dispostos a intimidar os trabalhadores, enviando ordens para que as agências fossem abertas a qualquer custo. Em algumas cidades do Paraná, houve relatos de que funcionários foram obrigados a retirar os adesivos e cartazes da greve nas fachadas das agências e para que enfrentassem os colegas grevistas, forçando a entrada.

O presidente da FETEC-CUT-PR, Júnior César Dias, garante que a intransigência e intimidação dos banqueiros não funcionarão para que a categoria desista de seus direitos. Dias é o representante do Paraná no Comando Nacional de Greve. “Essa postura dos banqueiros tem o objetivo de colocar trabalhador contra trabalhador. Quando os banqueiros determinam que os gerentes têm que abrir a qualquer custo as agências, estão desrespeitando a organização e o direito de greve dos trabalhadores. Portanto, qualquer problema mais grave que aconteça hoje, ou mesmo na segunda feira, os banqueiros serão responsabilizados. Nossa greve vai continuar e vamos resistir a todas as tentativas de abertura das unidades paralisadas”, informou Dias.

A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) insiste na proposta de 7% de reajuste nos salários e abono de R$ 3,3 mil. Não houve nenhuma mudança, sequer, na proposta apresentada no último dia 9 de setembro, a qual está muito distante das reivindicações dos trabalhadores, que incluem reposição da inflação do período (9,62%) mais 5% de aumento real, entre outras demandas de saúde, condições de trabalho, segurança, igualdade de oportunidades e garantia de emprego, temas que os banqueiros simplesmente desprezaram até agora.

“Mais uma vez, os banqueiros em uma atitude irresponsável, frustraram as expectativas dos bancários e da sociedade. Todos sabemos que, a cada três anos, os banqueiros conseguem duplicar seu patrimônio líquido. Esse feito extraordinário é alcançado pela cobrança de juros altíssimos, taxas e tarifas abusivas e às custas de muito adoecimento de seus funcionários que se desdobram no dia a dia, apesar do número insuficiente para dar conta da tão cobrada produtividade”, concluiu Dias.

Juros e taxas abusivas

Os bancos voltaram a elevar as taxas de juros do cheque especial e do empréstimo pessoal em setembro. A taxa média do cheque especial dos bancos pesquisados foi de 13,56% ao mês, segundo o Procon de SP. Para o cartão de crédito, os juros já ultrapassaram 451% ao ano. No cheque especial, a taxa já passa de 296% ao ano.

Lucro dos bancos

Em 2015, o lucro dos cinco maiores bancos (Itaú, BB, Caixa, Bradesco e Santander) do país foi de quase R$ 70 bilhões. Somente de julho de 2015 a julho deste ano, o lucro já ultrapassa R$ 54 bilhões. Ainda assim, demitiram mais de dez mil trabalhadores no ano passado e, neste ano, já são mais oito mil bancários desempregados.

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Despesas de Pessoal e as Receitas com Prestação de Serviços e Tarifas

Só com taxas e tarifas cobradas dos clientes, os bancos cobrem suas despesas com pessoal e ainda sobra muito. Itaú cobre 163,3%; Santander 152,3%; Bradesco 136,7%; Banco do Brasil 104,3%; e Caixa 104%. As despesas de pessoal compreendem os gastos com folha de pagamento (remuneração, PLR, encargos sociais e benefícios), além das despesas com treinamento e processos trabalhistas.

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Valor de mercado

Os quatro bancos alcançaram, no dia 11 de agosto, o maior valor de mercado desde dezembro de 2006, início da série da Economatica. Juntas, as ações do BB, Itaú, Bradesco e Santander valiam quase meio trilhão de reais ao final do pregão.

O número representa uma alta de R$ 150,9 bilhões, ou 43,26%, em relação aos R$ 348,9 bilhões em valor de mercado registrados pelos quatro bancos somados ao final de 2015, de R$ 348,9 bilhões.

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