Bancos testam resistência dos bancários, mas greve continua firme no Paraná

A greve nacional dos bancários entra no 23º dia, nesta quinta-feira (29). No Paraná, mesmo com a tentativa de desmobilização da greve por meio de medidas judiciais, praticamente 90% das agências no interior do estado permanecem fechadas. Em Curitiba, ainda estão prevalecendo, em caráter liminar, interditos proibitórios em favor do Santander, HSBC e Bradesco. No entanto, 824 agências e sete centros administrativos continuam paralisados, de acordo com levantamento feito pela Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (FETEC-CUT-PR).

Os banqueiros continuam tentando impor perdas salariais para a categoria. Foi realizada mais uma tentativa de negociação, na tarde de ontem, em São Paulo, entre Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e o Comando Nacional dos Bancários. O acordo de dois anos proposto pelos bancos mantém os 7% de reajuste nos salários e abono de R$ 3,5 mil, agora em 2016, e reposição da inflação, mais 0,5% de aumento real, em 2017. O Comando Nacional dos Bancários rejeitou a proposta na própria mesa de negociação, por considerar insuficiente às reivindicações da categoria.

Não há outra saída, o trabalhador precisa fortalecer a greve

O presidente da FETEC-CUT-PR, Júnior César Dias, conta que os bancários estão muito insatisfeitos com o impasse criado pela Fenaban que se recusa a apresentar uma proposta digna. “Daqui para frente nossa adesão tem que ser maior e efetivamente os bancários fazerem greve. Não adianta o Comando negociar com os banqueiros se o comportamento do bancário não mudar”, afirmou Dias.

Com os interditos proibitórios, o Sindicato fica impedido de manter as comissões de esclarecimento e os informativos sobre a paralisação em frente as agências e centros administrativos. No entanto, é importante esclarecer que o interdito proibitório não retira o direito de greve dos trabalhadores.

“Os sindicatos e a federação estão recorrendo contra os interditos, mas é fato que, enquanto os banqueiros conseguem interditos do dia para a noite, nossos pedidos levam três, quatro dias para serem analisados pela Justiça do Trabalho. Ainda temos interditos que estão há anos aguardando análise. Não podemos depender da celeridade da Justiça em nosso favor, temos que fortalecer nosso direito de greve porque continua sendo o único instrumento capaz de pressionar os patrões”, orientou Dias.

O presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, Elias Jordão, alerta os bancários que enquanto os bancos não sentirem um forte impacto na sua produção, no dia a dia, a categoria corre o risco de não conseguir avançar na melhor conquista possível, não só no índice, mas também na questão do emprego. Jordão também é representante do Paraná no Comando Nacional.

“O trabalhador não está demonstrando numa forma mais objetiva a sua insatisfação, ele precisa reagir de forma mais contundente. Sabemos que tem bancários que pensam que o fato de estarem produzindo, furando a greve, acreditam que isso lhes garantirá o emprego. É mentira. Na hora de fazer os cortes, os bancos se baseiam em números, quem participou ou não da greve não é levado em consideração. É uma análise fria de planilhas, na qual os cortes geralmente recaem sobre os mais velhos e/ou com maiores salários. Para patrão, não existe colaborador, existe empregado”, frisou Jordão.

A Contraf orienta que os sindicatos realizem assembleias em suas bases, na próxima segunda-feira (3 de outubro), para debater e organizar os rumos do movimento.

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