Bancos pagam salários menores às mulheres e reforçam discriminação

Além de reduzir progressivamente a remuneração de seus trabalhadores de forma geral com o alto índice de rotatividade, os bancos estão reforçando a discriminação contra as mulheres, pagando às bancárias que estão sendo contratadas salários inferiores aos dos homens. É o que mostra a pesquisa sobre emprego e desemprego que a Contraf-CUT e o Dieese divulgaram na terça-feira 16, com base nos dados que as instituições financeiras fornecem ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Veja a pesquisa completa aqui.

O salário médio das mulheres contratadas pelos bancos no primeiro trimestre de 2009 foi de R$ 1.535,34, enquanto a remuneração média dos homens admitidos no mesmo período chegou a R$ 2.022,56 – uma diferença de 24,09% em prejuízo das bancárias. Além disso, houve uma redução de 11,2% no salário médio das mulheres contratadas este ano em relação ao primeiro trimestre de 2008, quando esse valor foi de R$ 1.729,37 (veja nas tabelas).

Primeiro trimestre de 2009 – Remuneração média

  Homens Mulheres

Diferença de remuneração

Admitidos (em R$) 2.022,56 1.535,34 – 24,09%
Desligados (em R$) 4.660,10 3.086,61 – 33,77%

Primeiro trimestre de 2008 – Remuneração média

  Homens Mulheres

Diferença de remuneração

Admitidos (em R$) 2.379,95 1.729,37 – 27,34%
Desligados (em R$) 3.645,15 2.602,33 -28,61%

“O levantamento deixa claro que a discriminação contra as mulheres continua grande dentro dos bancos, o que inadmissível”, critica Deise Recoaro, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT.

Uma longa luta contra a discriminação

Desde 1996,as entidades sindicais exigem que o tema igualdade de oportunidades seja discutido na mesa de negociações com os bancos, visando acabar com todo tipo de discriminação e de exclusão nos locais de trabalho. Mas os bancos se recusavam, negando que houvesse discriminação por parte deles.

A discriminação contra mulheres e negros foi constatada por uma pesquisa feita em 2001 pela então Confederação Nacional dos Bancários (CNB-CUT, antecessora da Contraf-CUT) e pelo Dieese, que resultou na publicação “Os rostos dos bancários – Mapa de gênero e raça do setor bancário brasileiro”.

Depois de muita pressão da Contraf-CUT e dos sindicatos, em 2002 finalmente foi incluída na Convenção Coletiva dos Bancários uma cláusula criando uma mesa temática específica para discutir a igualdade de oportunidades. Nas discussões, porém, as instituições financeiras continuaram negando – o que fazem até hoje – a existência de preconceito e discriminação.

Mapa da diversidade

Dando encaminhamento a denúncias da Contraf e dos sindicatos, o Ministério Público do Trabalho (MPT) constatou haver discriminação e autuou os bancos em 2006, primeiro em Brasília e depois em outras capitais. Como resultado dessa pressão, a Fenaban acabou aceitando que fosse constituído um grupo de técnico para discutir o assunto, com participação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Instituto de Pesquisas Aplicadas (Ipea), MPT e Contraf-CUT.

Os bancos também aceitaram realizar uma pesquisa nacional para averiguar a situação das mulheres e das minorias dentro das empresas. A pesquisa, conhecida como Mapa da Diversidade, será apresentada pelos bancos no próximo dia 2 de julho, em Brasília, em audiência pública convocada pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.

“É revoltante saber que, depois desses anos todos de luta pela igualdade e contra a exclusão, os bancos continuam praticando a discriminação contra as mulheres em 2009”, protesta Juvândia Moreira, secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

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