Bancos constrangem e assediam mulheres para venda de produtos no Rio

Vice-presidente do Sindicato denuncia violência contra as mulheres

O Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro combate de todas as formas o assédio moral que os bancos impõem sobre os bancários sistematicamente. A pressão é mais intensa quando está associada à venda de produtos.

No caso das mulheres há um tipo de assédio específico somado às demais formas de pressão. Segundo denúncias que chegam ao Sindicato, não são poucos os casos em que é imposto às bancárias que procurem realçar seus atributos físicos, para levar o cliente a comprar produtos.

A vice-presidente do Sindicato, Adriana Nalesso, condena esta situação que atinge bancárias e trabalhadoras de outros setores, causando sério constrangimento, podendo gerar transtornos psíquicos em virtude da humilhação a que são expostas.

“É mais um tipo de violência contra a mulher que tem que ser condenado por todos e combatido pelos sindicatos. É uma agressão covarde que as expõe a situações vexatórias”, afirmou.

Condenação no Judiciário

São inúmeros os processos envolvendo assédio moral contra a mulher, em vários setores da economia, que tramitam na Justiça do Trabalho. Há de tudo, casos envolvendo apelidos maliciosos, atitudes racistas e discriminatórias, homofobia, exigência do cumprimento de tarefas desnecessárias, ausência de atribuição de serviços, isolamento da funcionária, entre outros.

E no setor bancário há inúmeras condenações por danos morais e sexuais. Segundo o Tribunal Superior do Trabalho (TST), em um deles, o banco Santander foi condenado a pagar indenização por danos morais a uma bancária, que se sentiu humilhada e constrangida por ter sido estimulada por um gerente regional, em reunião com os subordinados, a alcançar metas determinadas pelo banco, ainda que isso lhe custasse a troca de favores sexuais. Ela revelou que outras colegas presentes à reunião também ficaram indignadas e registraram o ocorrido no Sindicato da categoria.

Assédio sexual

“Como se não bastasse o assédio moral, ainda somos as maiores vitimas também de assédio sexual em todas as carreiras”, afirma Adriana. Lembra que as razões que levam a tal situação estão relacionadas à cultura brasileira que trata o corpo feminino como um objeto, independentemente de sua condição social. Os assédios moral e sexual no local de trabalho estão muito presentes no dia-a-dia.

Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), 52% das mulheres economicamente ativas já foram assediadas sexualmente.

Recentemente, o TST julgou um caso grave, que corre em segredo de Justiça. Trata-se de uma empresa, na qual todas as trabalhadoras do sexo feminino de um determinado setor foram assediadas sexualmente. Comprovou-se, ainda na primeira instância (Vara do Trabalho), o tratamento desrespeitoso e ameaçador que o responsável pela área dispensava às empregadas, caracterizando-se, dessa forma, o assédio sexual. A sentença que condenou a empresa ao pagamento de indenização por danos morais foi mantida pelo Regional e pelo TST.

O que a mulher assediada sexualmente pode fazer? A primeira dica é romper o silêncio. Sair de uma posição submissa para uma atitude mais ativa: dizer claramente não ao assediador, contar para os colegas o que está acontecendo, reunir provas, como bilhetes e presentes, arrolar colegas que possam ser testemunhas, reportar o acontecido ao setor de recursos humanos, ao Sindicato, registrar queixa na Delegacia da Mulher e, na falta dessa, em uma delegacia comum.

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