Banco do Brasil e Bradesco compram ações da Cielo com desconto de 7%

Valor Econômico
Adriana Cotias, de São Paulo

O preço, considerado justo por Banco do Brasil (BB) e Bradesco, foi uma das razões para as instituições aumentarem a participação na Cielo e na Visa Vale, comprando as parcelas de capital que estavam nas mãos do Santander Espanha desde o ano passado.

Pelos cálculos da analista Mariana Taddeo, da Link Investimentos, o valor pago por ação da Cielo é de R$ 14,95, o que representa um desconto de quase 7% em relação à cotação dos papéis na Bovespa na sexta-feira, a R$ 16,00.

O BB vai desembolsar R$ 1,1 bilhão por 5,11% da Cielo e 4,65% da Visa Vale, passando a deter 28,65% e 45% das empresas, respectivamente. Já o Bradesco vai pagar R$ 564,2 milhões por mais 2,09% da Cielo e 10,67% da Visa Vale, ficando com fatias idênticas às do BB. Ambos vão usar recursos do próprio caixa para liquidar a operação.

Com a transação, BB e Bradesco reforçam a presença no segmento de credenciamento de estabelecimentos comerciais, de captura e processamento de cartões num momento de entrada de novos competidores no mercado. Uma das motivações do grupo espanhol para vender a participação foi justamente a entrada do Santander Brasil no chamado ramo de adquirência, em parceria com a processadora gaúcha GetNet.

“A transação aumenta a participação da Cielo nos resultados (dos sócios) por equivalência (patrimonial) e concentra o acordo de acionistas entre duas empresas”, pontuou o vice-presidente de cartões e novos negócios do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli. Isso não quer dizer que as instituições descartem a entrada de um novo sócio, acrescentou o vice-presidente do Bradesco, Arnaldo Alves Vieira, caso surja alguma proposta de associação estratégica. “Não temos nada considerado, mas não se trata de uma operação fechada, se surgir alguém interessado, por que não?”

O Itaú Unibanco já tentou encontrar sócios para a Redecard (concorrente da Cielo) desde a saída do Citi do capital da empresa, no ano passado, mas sem um desfecho favorável.

Juntos Bradesco e BB ficam com 57,3% da Cielo, enquanto os outros 42,7% compõem o capital em circulação da companhia no mercado. Na Visa Vale, passam a deter 90%, com 10% nas mãos da Visa International – que tem se desfeito de ativos desde a abertura de capital. A origem e trajetória da Visa Vale, constituída por um consórcio de instituições financeiras, se assemelha à da Cielo e, no futuro, a empresa pode ter o mesmo destino e abrir o capital, comentaram Caffarelli e Vieira.

Para o diretor da Bradesco Cartões, Marcelo Noronha, a grande sinergia que a Visa Vale traz ao negócio é que seus produtos de vales alimentação e de transportes podem ser distribuídos na rede dos bancos. Denílson Molina, diretor de cartões do BB, acrescentou que o mercado de pré-pagos no Brasil ainda é incipiente e que há outras possibilidades a serem exploradas, como bilhetagem, vale-presentes e até como instrumento de inclusão financeira.

Estudo da MasterCard estima que ao fim de 2010, os brasileiros pagarão US$ 44 bilhões com vales alimentação, refeição, transporte e telefonia pré-paga. Os Estados Unidos movimentarão US$ 301 bilhões e o Japão, US$ 59 bilhões.

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