Bancários protestam de norte a sul do Brasil

(São Paulo) Enquanto o Comando Nacional e a Fenaban se reuniam para o último bloco de negociações agendado, os bancários do Brasil inteiro protestaram e construíram um grande dia nacional de lutas nesta quinta-feira, 20. De norte a sul do país houve paralisações e manifestações, numa mostra de que a categoria está preparada para uma greve, caso os bancos não apresentem proposta decente nos próximos dias.

Em São Paulo, as manifestações foram focadas principalmente entre os funcionários do ABN/Real e do Santander, que protestaram nesta quinta-feira em defesa dos mais 54 mil empregos mantidos pelos dois bancos no Brasil. Os trabalhadores dessas instituições vivem a expectativa de uma fusão que – se levada em conta a conduta do setor em outros casos – pode gerar demissões em massa. No ato, os dirigentes do Sindicato também debateram a campanha salarial com a bem humorada paródia dos jogos Parapan-Americanos, o Paraban. Os bancários e a população que circularam em frente à matriz do ABN, na Avenida Paulista, participaram, ainda, de abaixo-assinados por um projeto de lei que proíba demissões em processos de fusões, além da ratificação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que proíbe dispensas imotivadas. No ato foram recolhidas mais de 700 assinaturas que serão somadas a outras tantas e levadas à Brasília entre os dias 25 e 27 em jornada de luta promovida pelos sindicatos. No interior, as manifestações também foram intensas. O Sindicato dos Bancários e Financiários de Taubaté e Região realizou atividade em frente ao Banco do Brasil no centro. O ato contou com a presença da Banda do Quintino de Tremembé e com o Palhaço Shampoo. Os diretores do Sindicato dos Bancários de Catanduva também realizaram manifestação nas agências bancárias da cidade de Novo Horizonte, com distribuição de jornal, carro de som e repentistas. No litoral, os bancários paralisaram, das 9h às 13h, todas as agências do centro financeiro de São Vicente, para pressionar os banqueiros a negociarem com seriedade a minuta de reivindicações. Em Campinas, bancários de doze agências instaladas no centro paralisaram os serviços durante uma hora. Em São José retardam, os bancários do HSBC, Real, Unibanco e Nossa Caixa retardaram por uma hora, a abertura das agências. Novamente, os integrantes de uma escola de samba ajudaram a animar a manifestação e chamar a atenção da população para a luta dos bancários. Em Rio Preto, com serviço de som, faixas, fitas adesivas e diálogo com a população, a diretoria do Sindicato realizou na manhã de hoje manifestação na porta da agência-centro do Bradesco. O ato retardou a abertura do expediente em 1 hora. Em Piracicaba, em plenária, em frente a agência da Caixa Econômica Federal, bancários deixaram claro que poderão deflagrar paralisações e até uma greve. Em Marília, houve manifestação no centro financeiro, com faixas, banners, som, placas, performance teatral. O movimento será repetido no centro financeiro de Ourinhos.

No Rio de Janeiro os protestos também foram intensos. Não só na capital, os bancários do interior também realizaram manifestações e paralisações. Em Três Rios, a atividade ocorreu na agência do Bradesco, chamada de “Dia da Cachorrada”. O manifesto foi batizado com esse nome, pra denunciar a falta de respeito e seriedade com que os banqueiros estão tratando os bancários nas mesas de negociações. Em Campos dos Goytacazes, a “Cia Emergência Teatral” realizou atividades em todas as agências bancárias do município. Inicialmente os bancários retardaram o horário de entrada na principal agência do Bradesco. Às 10h, os atores travestidos de dinossauros – representando os grandes bancos devoradores de lucro -, movimentaram o centro financeiro da cidade, envolvendo em sua apresentação não só os bancários do Bradesco bem como todos os clientes, usuários e pessoas que transitavam pelo local, tendo sido esta uma das melhores atividades da Campanha deste ano realizada pelo Sindicato. Já o Sindicato dos Bancários de Niterói fez uma manifestação, com retardamento da abertura em uma hora de todas as agências bancárias dos municípios de Itaboraí e Maricá. A manifestação contou também com distribuição de carta aberta a população, carro de som e banda. O Sindicato dos Bancários da Baixada Fluminense realizou distribuição de pé de moleque e paçoca em Nova Iguaçu e Duque de Caxias.

No Espírito Santo, as agências bancárias da Reta da Penha, em Vitória, foram fachadas, assim como diversos bancos da Grande Vitória. Com cartazes com os dizeres “Gente vale mais”, a manifestação dos bancários chamou a atenção da população. Na Reta da Penha, ficaram fechadas até as 11 horas as agências do Unibanco, Bradesco, Santander, Mercantil do Brasil, Itaú, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banestes e Real.

Em Salvador, a partir das 10h30 desta sexta, os bancários fazem manifestação nas agências de Brotas, começando pela unidade do Bradesco da avenida Dom João VI. A criatividade e irreverência vão ficar por conta do grupo teatral Kumpset, que vai ironizar com a arrogância e a intransigência dos banqueiros através de uma montagem feita especialmente para a Campanha da categoria. Para finalizar a visita as agências, o Sindicato distribuir caldo de feijão para a população. O Sindicato dos Bancários de Feira de Santana, seguindo o calendário da Campanha, retardou a abertura de duas agencias do Bradesco, com o intuito de forçar os banqueiros a apresentar proposta. Em alusão ao lucro dos banqueiros, o Sindicato do Extremo Sul da Bahia realizou manifesto no Bradesco e BB, de Teixeira de Freitas, com charanga, carta ao cliente e distribuição de um bolo gigante aos clientes e usuários, para agitar os bancários e avisar à população.

Em Florianópolis, as agências do Besc, do Santander e do Bradesco em torno da Praça XV ficaram fechadas durante duas horas na manhã desta quinta. Das 10h ao meio-dia, os trabalhadores bancários e dirigentes do Sindicato entregaram à população o Jornal do Cliente explicando os motivos da paralisação. Por volta das 11h15, bancários e trabalhadores dos Correios, que estão em greve, fizeram um ato conjunto na frente do Bradesco. As bandeiras vermelhas tomaram conta das imediações da Praça XV, e representantes sindicais das duas categorias falaram sobre a redução do número de funcionários e de como isso está afetando a saúde e as condições de trabalho. Além dos trabalhadores das agências fechadas, também apoiaram a atividade os colegas do Banco do Brasil da agência da Praça XV. No caso do Besc, a direção do banco até agora não abriu processo de negociação com o sindicato. Na paralisação, o sindicato denunciou a falta de compromisso do presidente do Besc, Eurides Mescolotto, com as reivindicações da categoria. É a primeira vez nos últimos anos que a presidência do banco catarinense se recusa a negociar com a entidade representativa dos empregados, demonstrando total descaso com o bem-estar dos bancários e o futuro da instituição. O Sindicato dos Bancários de Concórdia e Região chamou a atenção da população e clientes para o descumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). A manifestação foi realizada em frente da agência do Besc por cerca de uma hora e meia, com a distribuição da “carta aberta”. Em Criciúma, bancários e carteiros participaram de protesto, marcado com discursos em frente à sede da agência dos Correios.

No Rio Grande do Sul, os sindicatos contaram mais de 500 bancários no passeatão que tomou as ruas centrais de Porto Alegre no final da tarde desta quarta-feira. Foi a mobilização mais forte dentro da campanha no Estado. O protesto mostrou a garra e vontade de lutar por avanços. Um boneco simbolizando o banqueiro foi queimado no final, em plena Esquina Democrática. Representantes de sindicatos de todo o Estado integraram a manifestação. Houve presença também de funcionários dos Correios (em greve) e do Incra, categorias em campanha salarial. A população parou para assistir à manifestação. Houve aplausos e reconhecimento sobre os efeitos da política dos bancos sobre clientes e bancários. Também nesta quarta, novo pedido de abertura de negociações foi entregue à direção do Banrisul pelo Comando dos Banrisulenses. É o terceiro em 20 dias. Até agora nenhuma resposta. O deputado estadual Raul Carrion, que acompanhou o passeatão, disse que proporá aos parlamentares o envio de pedido conjunto de abertura de negociações ao presidente do Banrisul, Fernando Lemos.

No Mato Grosso do Sul, os bancários de Campo Grande atrasam abertura de sete agências na área central da capital. Os trabalhadores realizaram protestos nas agências do Mercantil do Brasil, Unibanco, Banco do Brasil, Itaú, Itaú Personalité, Nossa Caixa e Caixa Econômica Federal localizadas na rua Cândido Mariano – entre a 13 de Maio e Rui Barbosa. Com o protesto as agências, que abririam às 11h, passaram a funcionar somente depois das 12h. Em Três Lagoas, houve panfletagem de cartas aberta à população nas agências locais e divulgação dos lucros dos bancos.

Fonte: Contraf, com sindicatos e federações

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